domingo, 25 de janeiro de 2015

Ticci Toby

Parece que há um longo caminho adiante, até chegar em casa. A estrada parece que não para de se estender a frente do veículo. A luz do farol do carro brilha através dos ramos das altas árvores verdes, e de vez em quando, ofensivamente refletindo a luz em seus olhos.
O ambiente estava cheio de árvores verdes profundas, formando uma floresta em torno da estrada. O único som era do motor do carro. Um som tranquilo que deixava um sentimento sereno.
Embora o passeio parecia estar indo bem, os dois passageiros estavam com um pouco de medo.
A mulher de meia-idade atrás do volante tinha o cabelo curto e castanho que combinam perfeitamente com seu rosto. Ela usava uma camiseta verde de gola no formato V e uma calça masculina. Brincos de diamantes decorado em cada uma de suas orelhas, que estavam bem discretos por causa do seu corte de cabelo que os cobriam. Ela tinha os olhos profundamente verdes da mesma intensidade de sua camisa, e a iluminação parecia torná-los mais visíveis. Embora ela estivesse sempre sorrindo, sua expressão facial era sombria e triste.
De vez em quando ela olha pelo espelho retrovisor para certificar seu filho no banco de trás, que estava parcialmente debruçado sobre seus próprios braços, e sua cabeça encostada contra a janela fria.
O menino não tinha uma aparência normal, qualquer um a primeira vista poderia notar que ele tem algo suavemente errado. Seu cabelo castanho bagunçado para todos os lados, e sua pele pálida, quase cinza. Muito diferente de sua mãe, seus olhos eram escuros, e ele usava uma camisa longa e branca que o hospital onde ele estava forneceu pra ele. As roupas que ele estava usando antes, estavam muito rasgadas e com várias manchas sangue, essa roupa realmente não poderia ser mais usadas.
No lado direito de seu rosto é possível ver alguns cortes juntamente a divisão de suas sobrancelhas. Seu braço direito estava enfaixado do pulso ao ombro, devido a estilhaços de vidros que atingiu seu braço.
Seus ferimentos pareciam ser doloroso, quando na verdade ele não conseguia sentir nada. Ele nunca pode sentir nada. Essa é apenas uma das glórias sobre ele. Quando pequeno ele sofreu de uma rara doença que o levou a ser completamente insensível diante da dor. Ele nunca sequer chorou com algum machucado. Ele poderia ter perdido um braço e não sentiria nada. Pode até parecer legal, mas devido a isso ele sofria transtorno psicológico, ele recebeu vários apelidos insultantes em curto espaço de tempo quando ele frequentava o primário, antes dele ser transferido para um centro de tratamento devido a sua síndrome de Tourette, que levava ele a ter tique nervosos de maneira que ele não podia controlar. Ele iria acabar quebrando seu próprio pescoço se continuasse se contorcendo incontrolavelmente com esses tique nervosos. As crianças que o provocavam chamando ele de Tique-Toby zombando dos seus espasmos exagerados. Então ele também começou a ter aulas particulares. Era muito difícil para ele estar em um ambiente de aprendizagem normal com crianças o perturbando.
Toby olhou fixamente para fora da janela do carro, seu rosto estava inexpressivo.
Toby Rogers era o nome do menino. E a última vez Toby se lembrava de ter andado de carro, foi quando aconteceu um acidente horrível.
Ele não se lembra de muita coisa. Inconscientemente as mesmas cenas se repetia na sua mente antes de desmaiar outra vez. Toby tinha sido o sortudo, enquanto sua irmã, ela não teve tanta sorte. Quando ele começou a pensar em sua irmã mais velha, e que ele não podia voltar no tempo para ajudá-la, seus olhos começam a lacrimejar. As memórias horríveis repetiam em sua mente. As memorias dele abrindo seus olhos e vendo sua irmã gritando de dor, seu corpo meio esmagada pelo carro, Toby estava pressionado contra o Air Bag do carro, sua testa perfurada de cacos de vidros e suas pernas e quadris imóveis.
Esta foi a última coisa que ele se lembrava de sua irmã mais velha querida.
O caminho para casa continuou parecendo durar uma eternidade. A viagem estava demorando por que sua mãe estava fazendo um caminho diferente para evitar passar na estrada onde aconteceu aquele acidente.
Finalmente o carro chegou no bairro de sua casa, e ambos estavam mais do que pronto para sair do carro e voltar para sua própria casa.
Era um bairro mais antigo, com casinhas pitorescas, todas próximas umas das outras.
O carro passou em frente a uma pequena casa azul, com vidros das janelas brancas.
Ambos rapidamente reconheceram o veículo velho que estava estacionado na frente daquela casa, também reconheceram o homem que estava parado na porta.
Toby sentiu raiva e frustração automática ao reconhecer seu pai. Seu pai, que não estava nos momentos que ele mais precisava.
Sua mãe estacionou o carro na garagem ao lado da casa, ela desligou o motor e se preparava para sair do carro e enfrentar o marido.

- Por que ele está aqui? - Toby disse calmamente enquanto ele olhava para sua mãe, que chegou a abrir a porta do carro.
- Ele é seu pai Toby, ele está aqui porque quer te ver - Sua mãe respondeu com uma voz monótona.
- Porque ele quer me ver? Porque ele não foi me ver no hospital? Porque ele não foi ver minha irmã Lyra antes de morrer - Toby estreitou os olhos para fora da janela.
- Ele estava bêbado naquela noite querido, ele não podia dirigir –
- Ah Sim, ele está sempre bêbado! - Toby abriu a porta antes de sua mãe e saiu cambaleando na calçada, entrou na casa ignorando seu pai que estava de cabeça baixa, com uma expressão triste, se sentindo culpado com o que aconteceu.
Seu pai abriu os braços, esperando um abraço de sua esposa, mas ela também o ignorou, passando reto pra dentro da casa apoiando seu filho para que ele pudesse caminhar sem cambalear.
- Connie - o marido começou a dizer com uma voz rouca: "Eu não ganho nenhum abraço de boas-vindas né?"
Ela ignorou as palavras desagradáveis do seu marido e continuo caminhado com seu filho apoiado em seus braços.
- Ei, ele já tem 16 anos ele já sabe andar sozinho", disse o pai, seguindo eles dentro de casa.
- Ele tem 17 anos – Disse sua esposa Connie - Toby, por que não vai para seu quarto descansar um pouco? Quando o jantar estiver pronto eu levo pra você.
- Não, eu já tenho 16 anos e eu posso sozinho mãe - disse Toby, sarcasticamente, olhando revoltado para seu pai, ele subiu as escadas para seu quarto, onde ele bateu a porta com violência.

Seu pequeno quarto não tinha muita coisa nele. Apenas uma pequena cama, uma cômoda, uma janela e nas paredes tinham algumas fotos emolduradas de sua família, quando eles ainda eram uma família, antes que seu pai se tornasse alcoólatra e começasse a agir com violência para o resto de sua família. Toby se lembrou de quando ele estava discutindo com sua mãe e ele agarrou ela pelos cabelos e a empurrou para o chão, e quando sua irmã Lyra tentou segura-lo, ele também empurrou e ela fazendo-a bater as costas no canto do balcão da cozinha. Toby nunca poderia perdoá-lo pelo que ele fez com sua mãe e irmã. Nunca.
Toby estava perto da janela e olhando para a rua. Ele podia jurar que ele via alguns vultos no canto do olho, mas também pensava que era coisa de sua cabeça depois de ter tomado várias medicações a pouco tempo.
Sua mãe o chamou para descer e jantar, Toby desceu as escadas rapidamente, sentou-se à mesa bem de frente a seu pai, do seu lado esquerdo sua mãe estava sentada e do lado direito uma cadeira vazia a qual antes sua irmã ocupava.
A comida estava servida na mesa, uma maravilhoso banquete, mas Toby se recusou a comer. Ele apenas observava seu pai com um olhar vazio. Ele também encarava Toby e desviava seu olhar para seu prato, que ele ao menos tocou. Então ele se retirou da mesa e voltou para seu quarto.
Toby deitou-se em sua cama, ele puxou as cobertas sobre a cabeça e olhou para janela. Ele estava cansado, mas de maneira alguma ele conseguia dormir. Ele não podia, não havia muito o que pensar. Ele não sabia se deveria fazer como sua mãe e perdoar por suas ações ou continuar guardando rancor com seu ódio fervente.
Ele ouviu o som da porta sendo aberta, sua mãe caminhou para cama dele sentou-se ao lado onde ele estava deitado, ela estendeu a mão e esfregou em suas costas.

- Eu sei que é difícil Toby, mas confie em mim, eu te entendo, mas eu prometo que tudo vai melhorar - disse ela em voz baixa.
- Quando é que ele vai embora? - Toby disse com um tom inocente em sua voz trêmula.
Connie abaixou a cabeça e respondeu.
- Eu não sei querido, ele vai ficar conosco, até quando eu não sei.

Toby não respondeu. Ele apenas continuou a olhar para a frente para a parede, segurando seu braço danificado perto de seu peito.
Depois de alguns minutos de silêncio, sua mãe suspirou, inclinou-se para dar um beijo em seu rosto e se levantou, enquanto fechava a porta ela disse:

- Boa noite querido.

As horas passavam lentamente, e Toby não conseguia parar de se mexer e revirar pela cama. Toda vez que ele estava pegando no sono, ele ouvia o barulho de pneus, os gritos de sua irmã, e ele incontrolavelmente se contorcia na cama de agonia.
Então ele jogou pra fora da cama as cobertas e virou seu rosto para baixo contra o travesseiro. Ele sentia seu peito se enchendo com a força que seu diafragma fazia enquanto ele chorava. Ele ouvia seu próprio choro. Ele pressionou ainda mais seu rosto enquanto gritava lamentando tudo que estava acontecendo.
Após alguns segundos, ele jogou o travesseiro pra fora da cama também e sentou-se, curvado, segurando a cabeça, com lágrimas escorrendo de seus olhos.
Ele não conseguia parar de chorar. Ele tentou se acalmar, mas ele não conseguia parar de tremer, se lamentar e choramingar. Então ele se levantou caminhando para janela do seu quarto, respirando fundo tentando se acalmar.
Ele esfregou os olhos e olhou para os altos pinheiros em frente. De repente ele parou de chorar, quando ele viu que algo que estava sob um poste de luz na rua. Ele ouvia um zumbido nos ouvidos e ele não conseguia desviar o olhar.
A figura estava ao lado do poste de luz na rua, cerca de 2 metros ou até mais, dois braços longos e algumas espécies de tentáculos em suas costas, aquela figura estava olhando para Toby, mesmo que aquilo não tinha olhos. A figura não tinha as características normais em seu rosto. Sem olhos, sem boca, sem nariz, ainda sim Toby ficou meio que hipnotizado olhando sem piscar para ele. O zumbido nos ouvidos ficou mais alto e mais alto a medida que aquela coisa se aproximava, então tudo foi ficando escuro.
Na manhã seguinte, Toby acordou em sua cama. Ele se sentia estranho, ele ainda estava muito cansado, parecia que ele estava deitado ali, acordado por horas. Ele não tinha pensamentos sólidos fluindo por sua mente. Ele se sentou lentamente e tropeçou contra a parede quando tentou se levantar, ele estava muito tonto. Ele cambaleou até a porta e desceu as escadas. Seus pais estavam sentados à mesa, seu pai prestava atenção na pequena televisão em cima do balcão, e sua mãe lia o jornal. Ela rapidamente percebeu a presença de Toby se aproximando dela.

- Bom dia dorminhoco, pelo jeito você dormiu tarde de novo. – Disse ela com um grande sorriso no rosto.
Toby lentamente olhou para o relógio e percebeu que já eram 12:30
- Eu preparei seu café da manhã, mas como você não acordou cedo, ele já esfriou, eu até ia te acordar, mas vi que você precisava dormir - a expressão de felicidade saiu do seu rosto quando ela perguntou a Toby. - Você está bem?

Toby caminhou até seu pai. Ele se sentiu como se estivesse sendo controlado, ele não tinha controle sobre suas ações. Ele só conseguia olhar, enquanto seu corpo agia involuntariamente. Ele abriu os braços como se fosse abraçar seu pai, mas seu pai ergueu as mãos empurrando ele contra a parede.
- Não me toque menino! - Gritou ele.
Sua mãe se levantou e gritou
- Não encoste no meu filho! Saia dessa casa! A última coisa que precisamos é de você por perto!
O pai dele saiu, mas voltou mais tarde naquele dia, como se nada tivesse acontecido.
Os dias se passaram, e as coisas continuaram da mesma forma. Connie passava a maior parte de seu tempo a limpeza da casa, e seu grosseiro marido só resmungava por tudo, todo dia eles discutiam. Era exatamente como costumava ser antes do acidente.
Toby evitava sair do seu quarto. Sentava-se ao lado da cama estremecendo. Só saia de lá quando sua mente o lembrava de comer. Ele ficava andando pelo seu quarto como um animal enjaulado, parava um pouco e olhava pela janela. Este ciclo se repetia continuamente.
Connie era agredida várias vezes por seu marido, sendo muito submissa a ele, enquanto Toby ficava em seu quarto.
Em uma dessas tardes, Toby teve mais um de seus tique nervosos, e sem pensar direito ele começou a mastigar suas mãos, rasgando a carne de seus dedos. Ele iria roer suas mãos até sangrarem. Nesse momento sua mãe entrou no quarto e viu essa cena horrível, a primeiro momento ela não sabia o que fazer. Então ela desceu as escadas e pegou o kit de primeiros socorros e enfaixou seu braço. Nesse momento ela prometeu a si mesma que não deixaria ele sozinho novamente.
Então ele se isolou novamente em seu quarto e passou a odiar todas as pessoas que tentavam se aproximar dele. Sua memória começou a ser afetada. Ele não se lembrava de coisas que havia acontecido há alguns segundos, minutos, horas, dias e assim por diante. Ele também começou a falar um monte de bobagens, sobre coisas completamente absurdas. Ele dizia ver coisas, disse haver tubarões em sua na pia enquanto lavava os pratos, ouvia grilos em seus travesseiros, e via fantasmas do lado de fora da janela do seu quarto.
Sua mãe ficou muito preocupada com sua saúde mental, ela decidiu que seria bom leva-lo para falar com um profissional sobre o que ele estava sentindo.

Connie e Toby entraram no edifício, segurando sua mão ela guio seu filho até a recepção.
-Sra. Rogers? - A moça atrás do balcão perguntou.
- Sim, sou eu - Connie balançou a cabeça - Estamos aqui para ver o doutor Oliver, eu estou aqui com Toby Rogers.
- Sim, por aqui – Disse a atendente levantando-se e acompanhado Connie e Toby para um longo corredor. Toby olhava para a obras de arte emolduradas pelos corredores e em sintonia com o som dos saltos altos da senhora no chão de madeira dura. Ela abriu a porta para uma sala com uma mesa e duas cadeiras.
- Podem se sentar e ficar à vontade, vou chamar a Dr. Oliver - Ela sorriu e segurou a porta aberta.
Toby caminhou na sala e sentou-se à mesa. Ele olhou para sua mãe e para moça do balcão antes dela fechar a porta lentamente.
Ele estava agoniado com suas mãos firmemente enfaixadas, então começou a morder as ataduras para tentar desembrulhar suas mãos, mas foi interrompido quando a porta se abriu e uma jovem mulher com um longo vestido preto e branco, e grandes cabelos loiros, ela segurava uma prancheta e uma caneta.

- Você que é o jovem Toby? – perguntou ela com um sorriso.
Toby olhou para ela e balançou a cabeça.
- Prazer em conhecê-lo Toby, meu nome é Doutora Oliver - ela estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas percebeu que suas mãos enfaixadas. Então ela puxou uma cadeira, sentando a frente dele.
- Então, vou te fazer algumas perguntas, pode responder com calma, e da forma mais honesta possível, ok? Ela colocou a prancheta em cima da mesa e Toby acenou com a cabeça.
- Quantos anos você tem Toby?
- 17 – respondeu ele calmamente.
Ela fez uma pequena anotação na folha e fez a próxima pergunta.
- Qual é seu nome completo?
- Toby Erin Rogers.
- Qual a data do seu aniversário?
- 28 de abril.
- Quem são os membros da sua família atualmente?
Toby parou por um minuto antes de responder a pergunta.
- Minha mãe, meu pai, e ... m- minha irmã.
- Eu soube o que aconteceu com sua irmã ... Eu realmente sinto muito - a expressão do rosto da Dra. Oliver foi entristecendo, olhando Toby cheio de compaixão.
- Você se lembra de algo antes do acidente? -
Toby desviou o olhar para sala. Sua mente ficou em branco por um momento. Ele olhou para seu colo, e em torno, ele começou a ouvir um som fraco. Seus olhos se arregalaram e ele ficou congelado em seu lugar.
-Toby, Toby você está ouvindo? – perguntou Dra. Oliver.
Toby sentiu um arrepio descer pela sua espinha quando ele olhou para fora da pequena janela através da porta, onde ele viu. Aquela mesma figura, olhando para ele. Toby arregalou os olhos, os sons dos ruídos foram aumentando cada vez mais, até que o grito da doutora fez que Toby acordasse desse transe.
-Toby! - Ela gritou.
Toby deu um pulo que até caiu de sua cadeira.

Doutora Oliver levantou-se, segurando a prancheta contra o peito. Seus olhos expressavam um olhar de surpresa e medo.
Após um tempo, Toby se acalmou, seus olhos relaxaram e sua respiração já não era ofegante.
Naquela noite, Toby deitou em sua cama. Seus olhos se fechavam lentamente enquanto ele pegava no sono. Quando ouviu um som de passos vindo do corredor. Ele se sentou na cama, olhando para porta aberta. Não havia luz, tudo estava sendo iluminado pelo brilho azul luminescente da lua através de sua janela, deixando uma iluminação fria. Ele se levantou e caminhou lentamente em direção à porta, quando se aproximou da porta, ela se fechou bruscamente, batendo em seu rosto. Ele suspirou e caiu para trás. Ele caiu no chão e começou a respirar pesadamente, seus olhos estavam bem abertos. Ele esperou por alguns segundos antes de se levantar. Ele estendeu a mão e agarrou a maçaneta da porta fria com a mão ainda enfaixada então abriu a porta. Ele olhou para o corredor escuro e foi caminhando silenciosamente.
A janela no final do corredor iluminou a escuridão com a luz da lua azul. Ele podia ouvir os passos farfalhando ao redor dele, e também ouviu um fraco riso, soava como uma criança, tinha corrido na frente dele, rindo e correndo por ali. Ele estava caminhando ha algum tempo pelo corredor, quando ele percebeu. Parecia que aquele corredor não havia fim. Ele ouviu um rangido da porta a sua frente.
- M- mamãe - ele disse em voz trêmula.
De repente, a porta atrás dele se fechou ele deu um pulo assustador se virou onde viu que a porta foi fechada. Atrás dele, ele ouviu um gemido estranho e longo que soava como cochichos do lado direito do seu ouvido. Ele se virou tão rápido quanto pode para ficar cara a cara com nada mais que, sua irmã morta.


Os olhos dela estavam totalmente escuros e sua pele pálida, O lado direito de sua mandíbula estava pendurada no rosto pelo tecido muscular de sua pele, um grande pedaço de vidro estacado em sua testa, e sangue, muito sangue negro escorrendo por seu rosto, seu cabelo loiro amarrado para trás em um rabo de cavalo como sempre foi, ela vestia a mesma roupa que usava no dia do acidente elas estavam manchada de sangue. Ela estava apenas uma polegada de distância do rosto de Toby.
Toby caiu de joelhos no chão e com muito medo começou a engatinhar para trás tentando se afastar dela. Ele arrastou-se para trás até que ele encostou em algo.
Ele parou por um segundo. Tudo estava morto em silêncio, exceto por sua pesada respiração e choro. Ele lentamente olhou para cima para encontrar o rosto branco de uma figura alta que estava em cima dele. Atrás dessa figura alta e escura, havia uma fileira de crianças, crianças de 3 a 10 anos, os olhos delas eram completamente negros e lacrimejavam sangue.
Ele gritou, se levantou tão rápido e começou a correr, mas caiu de joelho quando uma espécie de tentáculos enrolou por seu tornozelo. Caído no chão ele tentava gritar para expressar o seu medo, mas não saia um som de sua boca, ele não conseguia gritar.
Toby acordou desesperado. Ele começou a se acalmar quando percebeu que era apenas um pesadelo. Ele colocou a mão no próprio peito sentindo seu coração.

- Foi apenas um sonho... Apenas um sonho.

Ele se acalmou e voltou a deitar na cama. Era como se um peso enorme estivesse em sua consciência. Ele se levantou e caminhou até sua janela. Ele não viu nada. Ninguém estava lá fora. Nada nem ninguém.
Ele ouviu o farfalhar e tosse de seu pai para fora da porta. Sua porta estava fechada.
Ele se aproximou e abriu-a. Olhando para o corredor mais uma vez. Ele caminhou pelo corredor e entrou na cozinha, onde ele encontrou seu pai em pé e fumando um cigarro em sua sala de estar.
Toby esperou um segundo e observou de todo o canto antes de uma sensação de queimação começar a agir fundo de seu peito.
Ódio, queimação e raiva tomou conta dele. Ele ouviu as pequenas vozes imaginárias em sua cabeça.
"Acabe com isso, acabe com isso, acabe com isso". Ele se virou e segurou seus braços. Ele sentiu como se ele realmente tivesse o controle sobre si mesmo, ao contrário do que fez nas últimas semanas desde que ele chegou em casa do hospital.
Na verdade, ele tinha pensamentos claros por apenas alguns momentos antes de sua mente for obscurecida pelas pequenas vozes em sua cabeça.
"Mate ele, ele não estava lá, ele não estava lá, mate ele, mate ele", as vozes continuaram. Toby tremeu. Não. Não, ele não ia fazer isso. Eles estava ficando louco? Não. Ele não vai matar ninguém. Ele não pode. Ele odiava seu pai, mas não odiava a ponto de matá-lo.
A influência das vozes em sua cabeça era demais. Ele começou a caminhar em silêncio atrás de seu pai. Ele estendeu a mão sobre o balcão e pegou a maior faca que estava lá. Ele firme na mão. Ele sentiu a sensação de assumir o seu peito. Ele soltou uma risadinha. "Hehe ... heheh ... hehehehehe ! HAHAHAHA ! ", Ele começou a rir tanto que que chamou a atenção do seu pai. Ele se virou abruptamente antes que dele sentir uma força bruta empurrá-lo para o chão. Ele grunhiu quando ele foi nocauteado. "O quê!", Ele olhou para o menino que estava em cima dele, agarrando a faca de cozinha na mão. "Toby, o que você está fazendo?!", Toby foi pegar em seu pescoço, mas seu pai estendeu a mão bloqueado, agarrando ele pelo pulso.
- Pare! Saia de mim seu filho da mãe - Ele gritou, e com a outra mão ele jogou um soco para fora do centro do ombro de Toby, mas ele não parou. O olhar nos olhos de Toby não era sensato. Era como se um demônio tivesse tomado o controle sobre ele.
Ele gritou de volta e tentou dar uma facada no peito de seu pai, mas novamente foi bloqueado. Seu pai tentava tira-lo de cima dele, mas Toby expôs seus pés na frente dele e conseguiu um duro golpe direto para o seu rosto. Seu pai recuou e puxou seus braços para longe para algemar seu rosto, mas Toby voltou-se e dirigiu a faca diretamente em seu ombro. Seu pai soltou um grande grito e saiu para puxar a faca, mas antes que ele pudesse, Toby jogou seu punho em linha reta em seu rosto.
Ele começou a bater com os punhos em sua cabeça, rindo e respiração ofegante. Ele quebrou o pescoço, pegou a faca e começou a rasgar seu pai arrastando a faca do ombro ao peito e repetidamente esfaqueado em seu torso, o sangue derramando e se espalhado por toda parte. Ele não parou até que o corpo de seu pai parasse de se contorcer.
Ele jogou a faca para o lado e se inclinou sobre seu corpo, tossiu e respiração ofegante. Ele olhou para o seu rosto, até que um grito alto quebrou o silêncio. Ele olhou para ver sua mãe em pé a poucos metros de distância, cobrindo a boca, lágrimas escorrendo de seus olhos.
-Toby - ela gritou - Por que você fez isso? Por quê! Toby se levantou e começou a se afastar do cadáver ensanguentado de seu pai. Ele começou a se voltar para fora da cozinha. Ele olhou para as bandagens encharcadas de sangue em suas mãos e olhou para sua mãe uma última vez antes de ele se virar e correr para fora da casa.
Ele correu para garagem e bateu a mão contra o painel de controle na parede e apertou o botão para abrir a porta da garagem. Antes ele pegou dois pequenos machados do seu pai, que tinha sido pendurado na prateleira de ferramenta acima de uma mesa cheia de frascos, cheio até a borda com velhos pregos enferrujados e parafusos. Um dos machados era novo, tinha uma alça laranja brilhante e uma lâmina brilhante, o outro era velho com um cabo de madeira e uma lâmina cega.
Ele agarrou os dois e olhou para a mesa e seus olhos encontraram uma caixa de fósforos e debaixo da mesa era um tanque de gasolina vermelho. Ele segurou ambos os machados em uma mão e fez uma trilha de gasolina do tanque até a calçada da rua.
Ao aproximar-se da luz da rua que ele podia ver a sua própria janela do quarto, ouviu as sirenes da polícia para longe. Ele virou-se e as luzes vermelhas e azuis veio correndo pela rua. Toby ficou parado por um segundo, antes que ele abriu a tampa do tanque de gasolina e correu pela rua, derramando gasolina por toda a rua atrás dele e ele se virou para correr para as árvores. Ele derramou a última gota de gasolina enfiou a mão no bolso e tirou um fósforo. Ele bateu contra o caixa e imediatamente deixou cair. Em um instante, as chamas irrompeu em torno dele. O fogo pegou para as árvores e arbustos ao redor dele e antes que ele percebesse, ele também foi cercado pelo fogo. As silhuetas de carros de polícia, era visível através das chamas quando ele recuou para a floresta ao seu redor. Ele olhou ao redor, mas sua visão estava turva, seu coração estava batendo mais forte e ele fechou os olhos por um momento. Era isso. Este foi o fim.
Toby sentiu uma mão em seu ombro. Ele abriu os olhos e olhou para ver uma grande mão branca, com longos dedos ósseos que descansava em seu ombro. Ele seguiu o braço que foi anexado à mão para um vulto escuro imponente. Ele parecia estar vestindo um terno preto escuro, e do rosto estava completamente em branco. Ele elevou-se sobre o corpo pequeno de Toby e olhou para ele. Toby já sabia que era seu fim, ele foi ensurdecido e cercado pelo som de zumbido nos ouvidos. Tudo ficou em branco.
Era isso. Esse foi o fim. E foi assim que Toby Rogers morreu.
Poucas semanas depois, Connie sentou-se na cozinha de sua irmã. A irmã dela, Lori sentou ao lado dela para beber uma xícara de café.
Cerca de três semanas atrás, Connie perdeu seu marido e seu filho e algumas semanas antes, ela perdeu a filha a um acidente de carro. Desde então, ela foi morar com a irmã. A polícia manteve ela sob vigilância até que tinham acabado de solucionar o caso sobre a história que tinha sido lançada há duas semanas e as pessoas começaram a deixar de lado a notícia do assassinato e incêndio e se preocupavam com os novos casos.
Lori ligou o TV no canal de noticiário. Na TV o repórter começou a introduzir o novo título.
"Temos notícias de última hora! Ontem à noite, houve um assassinato relatado por 4 indivíduos. Não há suspeitos ainda, mas as vítimas eram um grupo de crianças da escola secundária que estavam na floresta na noite passada. As crianças foram "espancadas" e esfaqueadas até a morte. Os pesquisadores descobriram uma arma na cena do crime que parece ser um velho machado de lâmina maçante, como você pode ver aqui. "O retratado alterado para mostrar tiros snap da arma exatamente como ele foi deixado na cena do crime."
Os investigadores tinha puxado o nome de um possível suspeito, Toby Rogers, um menino de 17 anos que há algumas semanas tinha esfaqueado o pai até a morte e tentou encobrir sua fuga através da criação de um incêndio nas ruas e na área de floresta ao redor do bairro. Apesar de terem acreditado o menino tinha morrido no incêndio, os investigadores suspeitam que Rogers ainda pode estar vivo, devido ao fato de que seu corpo nunca foi encontrado."

sonic colors

Olá, meu nome é Alex. Eu sou uma garota alemã de 13 anos e moro com meus pais em uma casa grande. Não tenho muitos amigos, porque sou diferente. Eu tenho autismo, mas não é disso que esta história se trata! Enfim, preciso voltar ao assunto...
Você conhece o jogo mais recente da SEGA que foi lançado, Sonic COLORS, certo? Bem, sendo uma fã do Sonic, eu estava muito animada para jogar o jogo no meu Wii. Quando ele foi lançado, comprei-o em uma loja varejista normal em que minha mãe havia me levado algumas vezes. Não havia nada de estranho nele. Sem 666, sem sangue ou qualquer coisa assim. Era apenas um jogo perfeitamente normal. O caixa ainda tirou o CD da embalagem para que eu pudesse ver se estava tudo certo. Sem riscos. Estava tudo perfeitamente normal e novo.
Enquanto minha mãe me levava pra casa, eu estava feliz como nunca. O jogo teve criticas muito boas de meus poucos amigos e eu estava feliz já que poderia finalmente jogar um bom jogo de Sonic novamente desde o Sonic Adventure 2 Battle. Quando cheguei em casa, eu imediatamente corri até meu quarto. Cumprimentei minha coleção Sonic (brinquedos, quadrinhos e jogos) e meus outros brinquedos. Então eu corri direto para o meu Wii, inserindo o jogo e aguardando-o carregar.


Quando finalmente carregou, pulei a introdução e fui direto para a tela de título. Também estava tudo normal. O título "Sonic Colors" e o fundo não pareciam assustadores para mim. Fiquei feliz em finalmente começar meu jogo, mas quando cheguei à tela do menu onde os arquivos salvos eram mostrados, notei que já havia um arquivo salvo... O nome dele era "SONIC", e estava concluída em 100%. Aquilo me deixou nervosa. Eu tinha CERTEZA de que o jogo era novo! O arquivo não deveria estar lá. Mesmo assim, queria ver o que estava dentro dele, então eu cliquei no arquivo e ele me levou para a tela de carregamento.
Eu apareci no que parecia ser uma versão totalmente revisada da Station Square! Nem sequer sabia que a Station Square estava no jogo. Decidi correr e conversar com os personagens de lá. A maioria deles eram seres humanos. Todos eles me cumprimentaram alegremente. Tails também estava lá. Quando falei com ele, ele disse "Hey, Sonic! Como você está?". Amy e Knuckles também estavam lá, mas não conversei com eles porque eu não gostava da Amy e do Knuckles, e eles não me interessaram. Andei um pouco para ver se havia algo mais para se fazer, mas não havia. O jogo estava terminado.
Eu então reiniciei meu Wii para sair do arquivo e deletá-lo. Depois de deleta-lo, de repente, o jogo me mandou de volta para a tela de título. Agora ele dizia simplesmente "COLORS", e o "SONIC" estava faltando. Eu ri por algum motivo. Achei que tinha encontrado uma falha no jogo, mas eu não sabia o que ainda estava para acontecer. Então criei meu próprio arquivo, salvei e o jogo começou como de costume... Na verdade, QUASE como de costume. Na introdução, Sonic estava sozinho. Tails não estava com ele, enquanto Eggman dava sua breve introdução ao seu "inocente" parque temático. Tirando isso, a introdução prosseguiu normalmente. Após as palavras de Eggman, na parte onde Sonic deveria zombar dele, Sonic apenas olhou para cima com uma expressão séria. Tails ainda não estava lá. Sonic andou ao redor do parque, sozinho, olhando em volta com um olhar nervoso e um pouco triste. Eu me perguntava por que ele não falava absolutamente nada e por que a cena estava demorando tanto tempo para terminar. Então a cena de flashback, que aparecia normalmente depois do Tails dizer "Não foi tão fácil assim..." ou algo assim.
O elevador foi subindo para o parque temático. "Olá, povo feliz!" Eggman gritou. "Juntem-se todos, enquanto o Elevador Ultra-Acelerador Espacial do Eggman os leva para um país das maravilhas interplanetárias de diversão!" A câmera então mostrou o interior do elevador. Estava tudo em silêncio, e Sonic ainda estava sozinho. A cena muda para o Sonic, olhando para cima. "Talvez aqui eu consiga descobrir quem eu sou." Então o vídeo com os robôs que perseguindo os Whisps começou. Estava tudo normal, exceto pelo fato do Sonic IGNORAR a cena e fugir de lá. Achei isso muito estranho, e nem sabia o que pensar, mas tentei ignorar isto e continuar jogando. O primeiro nível começou, mas não consegui terminá-lo porque Sonic estava correndo muito devagar, e sem a ajuda dos Wisps não havia jeito. Não sabia o que estava fazendo de errado e já estava ficando bastante frustrada com o jogo, então decidi desligá-lo e ir brincar com meus brinquedos pra esfriar a cabeça (Sim, eu ainda brinco com meus brinquedos!).
Na tarde do dia seguinte, comecei a jogar novamente depois da escola. A tela de título ainda mostrava somente "COLORS", e o fundo parecia estar mais cinza, sem vida... Algo definitivamente estava errado com aquele jogo. Porem, continuei jogando para ver o que mais acontecia. Selecionei o meu arquivo anterior, e a tela permaneceu preta por um bom tempo. Mas de repente:
"Eu costumava ter amigos." Ouvi o Sonic dizer em um tom muito triste.
"Tudo se tornou tão chato e sem sentido desde que perdi o meu nome."
"Quem sou eu?!"
Fiquei completamente apavorada. Isto não é algo que o Shadow diria? Eu não entendi nada! De repente, quando o jogo finalmente começou, Sonic não apareceu na primeira fase... agora ele apareceu na Station Square, igual ao arquivo deletado. Desta vez, a cidade estava quase completamente cinza. Os prédios, os personagens, tudo... Apenas Sonic, Tails, Knuckles e Amy ainda permaneciam coloridos no local. Decidi conversar com Tails, e para minha surpresa, ele respondeu: "Eu não te conheço..."
O quê?! Tails era o melhor amigo de Sonic! Como ele não se lembrava dele? Enquanto olhava para a tela, as cores de Tails começaram a desbotar, até eventualmente chegarem no mesmo cinza maçante do resto da cidade. Até a expressão dele parecia sem emoção e vazia. Então conversei com Knuckles. Ele apenas respondeu com um "..." e ficou completamente cinza também. Eu realmente não queria falar com a Amy, já que eu não gostava dela , então decidi dar uma volta e procurar algo com que eu pudesse interagir. Depois de um tempo correndo ao redor, percebendo que eu não podia falar com mais nenhum personagem nem fazer qualquer outra coisa que me ajudasse, então decidi conversar com Amy, mais me arrependi ainda mais logo em seguida: "Alguma coisa está faltando. É como se o propósito de minha vida tivesse sumido." Ela disse, enquanto também desbotava ao cinza como todos os outros. Por mais que eu não gostasse da Amy, isso realmente mexeu comigo, e ver a expressão triste e sem vida de Amy, a garotinha ingênua que fazia de tudo para casar com seu amor... isso tirou muitas lagrimas de meus olhos.
A tela mudou para um fundo preto e o texto GAME OVER apareceu.
Alguém pode me dizer o que diabos aconteceu? Isso realmente me assustou muito! Eu não sei o que isso significa, nem sei o que fazer! Estou completamente apavorada e perturbada!

Reservoir

Existe esse restaurante, ele não é propriamente um lugar, uma localidade em sí, mas um conjunto. Nunca é tão grande que dê agonia ou tão pequeno que dê claustrofobia. As mesas e o cenário tem uma decoração extremamente requintada, e por mais que você preferisse estar em um bar de beira de estrada, vai gostar do ambiente.

Infelizmente não possui um endereço fixo, mas alguns dizem que ele vive em sua saudade, em suas memórias mais frágeis, e até mesmo em algum canto quebrado de sua mente. Eles não entregam em casa e não fazem reservas, mas sempre que você os encontrar, eles terão o melhor lugar no salão separado para sua pessoa. Não se entra acompanhado, apenas sozinho. É um pré requisito para manter o tratamento de alta qualidade. O atendimento é sem igual e a comida, bem, a comida...

Como achá-lo?

Uns dizem que a maneira mais fácil é se entregar à solidão, é se tornar melhor amigo de sí mesmo e da massa enegrecida que vai crescer dentro de você durante esses longos dias de isolamento. Diz-se também para comer apenas pão sem sal e beber água, se abster de sabores durante um longo período. Não há um prazo estabelecido, sabe-se que cedo ou tarde você vai se sentir impelido a sair, e mesmo tendo passado dias preso em casa e comendo só o básico para sobreviver, você se sente inteiramente disposto para ir até lá, e, naturalmente, você sabe onde é.

Antes de sair de casa você põe uma roupa que julga adequada a uma situação deste porte, se barbeia ou se maqueia, se olha no espelho, confere as horas e senta em seu sofá, cadeira, cama, onde preferir. Ao piscar os olhos você estará caminhando por ruas que conhece, mas não vai se lembrar de como chegou ali.

Após longa caminhada a luz fosca do poste que fica de frente ao restaurante se insinua e você a segue.

A faixada é larga e o prédio é só um andar, grande e requintado. Ao chegar na porta o segurança lhe faz uma leve reverência, sem lhe olhar nos olhos, e abre caminho. O recepcionista tem um fino bigode e um sorriso pegajoso, o cabelo encharcado de gel e extremamente magro com sobrancelhas grossas e negras. Então ele pega sua planilha, retira um pedaço de papel vazio e lhe indica o caminho até sua mesa.

O salão aparenta estar vazio, ao longe, como a quilômetros de distância você vê outras pessoas sentadas, em grupos, comendo, rindo, se divertindo, mas antes que você pense em se levantar para mudar de mesa ou olhar melhor a atividade da aparente festa um garçom altíssimo lhe contém com uma suave mão no ombro e lhe informa que seria falta de educação sair agora, uma vez que seu pedido já estava para chegar. Mas você ainda não havia pedido nada. Não? Mesmo? O garçom tinha a impressão que sim. Longo como um eucalipto e mais magro que o recepcionista o garçom então pergunta se quer olhar o menu ou se deseja o especial do da casa.

Intrigado você resolve olhar o menu e o garçom desliza ao outro lado da sua cadeira e lhe apresenta um menu aberto. Ele mesmo o segura para que você leia, e ele treme como se houvesse bebido café demais, você tem certa dificuldade para ler, mas consegue. No vibrante menu você distingue diversas opções e conhece todas elas, variantes de pão-com-ovo até lagosta ao molho de camarões, que você comeu uma vez num jantar de uma empresa que visitou. A tabela não mostra preços. Se pedir qualquer um deles o garçom lhe informará que não estão disponíveis, e, curvando o corpo como um guindaste ele lhe informa que o especial da casa é a melhor pedida, o preço é modesto, o sabor incomparável e se não estiver disposto a provar, pede-se apenas que se retire gentilmente e nunca mais volte.

Então você toma a decisão. Pode levantar, se retirar e nunca mais voltar, ou ficar e provar o especial da casa, com seu modesto preço e relativo vantajoso custo-benefício.

Se for embora e tentar retornar ao lugar repetindo o dito processo outra vez, falhará terrivelmente.

Se ficar terá todo o tempo do mundo com a longa face paciente do garçom a lhe encarar a mais ou menos 15 centímetros de distância, quase dobrado para lhe encarar, até tomar sua decisão. Então por fim você pede o especial da casa. O garçom se ergue com agilidade e as luzes do teto aumentam e abaixam. Em um minuto o garçom retorna com uma bandeja e põe sobre a mesa. Antes de levantar a tampa o garçom questiona se realmente quer o especial, e lhe informa que na bandeja se encontra o preço a ser pago, mesmo antes do consumo. Você concorda e ao erguer a tampa ele revela um prato simples com uma colher e um copo de água do lado. No prato você vê um montículo de serragem. Serragem. O garçom explica que o preço é saborear a serragem e beber a água, após a refeição principal. Em algo que parece ser uma provocação o garçom pergunta mais 3 vezes se você tem certeza. Quando você responde pela terceira vez que sim olhando para o estranho preço no prato ele tampa bruscamente a bandeja, fazendo um estrondo terrível no salão e fechando a cara. Em fúria ele sai e retorna outro minuto depois com a entrada.

De volta com o sorriso ele lhe serve o seu café da manhã preferido. Seja ele qual for. Ao comer a primeira garfada a mesa se transfigura naquele seu lugar favorito para tomar café, seja uma mesa de avó, seja um sofá no seu apartamento, e o gosto é perfeitamente igual e maravilhoso, tudo que deseja, o garçom lhe traz. A parte que você estranha é a seguinte: Você não se sacia nunca, mesmo comendo quilos e saboreando o paraíso de suas melhores memórias. Pergunta ao garçom e ele lhe responde que é assim mesmo, que os ingredientes são finíssimos e levíssimos. Então, quando você estiver enjoado de café da manhã, após alguns minutos comendo, ou algumas horas, você pede o prato principal. O garçom lhe informa que logo servirá.

Conforme ele traz mais bandejas a mesa aos poucos se transfigura nas suas melhores memórias de almoço, nas mais felizes, nas situações mais diversas, e todo o seu desejo culinário é realizado, você come de se entupir e não se sacia nunca, mas tudo bem, o gosto está maravilhoso mesmo.

Após o tempo que for que você levou no almoço, o garçom lhe trás a janta, seguindo o mesmo padrão das outras duas refeições, infinita em sabor e quantia, mas sem lhe encher o estômago.

Segue-se, por fim, a ceia e, finalizando, uma rodada final de tudo do que você mais ama comer na vida. Ao dar a última garfada antes de se entediar com a maravilhosa refeição, finalmente você se sente satisfeito. O garçom retorna e lhe pergunta se é tudo, se não deseja ficar mais tempo, mesmo tendo ficado por ali já horas, dias, ou até semanas, como preferir, e segue o mesmo padrão, lhe pergunta muitas vezes até ter certeza que você quer mesmo ir embora e quer pagar a conta.

Feliz como nunca esteve antes em sua vida, se sentindo revigorado e refeito, pronto pra enfrentar qualquer demônio que aparecesse dali pra frente após ser tão bem tratado, levando em conta a vida miserável que esteve levando nos últimos tempos, você, satisfeito, paga a conta sem reclamar.

Um prato de serragem com água.

Você come e é exatamente isso, serragem e água, sem sabor, sem apelo, só serragem seca e água.

Ao terminar o prato você se sente empanturrado. Cheio como nunca antes.

O garçom lhe agradece a presença e quando você se sente preparado, se levanta e vai até a saída. O recepcionista lhe agradece e agora você nota como ele o o garçom parecem ser irmãos.

Quando olha para trás pra tentar ver o restaurante mais uma vez, nada mais existe. Simplesmente evaporou. Então, sem questionar as esquisitices da noite, você se vira e quando pisca os olhos está em sua cama, olhando para o teto, e então dorme.

No dia seguinte segue para sua rotina diária e vai tomar seu café, comer seu cereal, seja lá o que for, e, o menos esperado lhe acontece. Um medo terrível vai tomando conta de você. O gosto é exatamente o último que você provou. Serragem. Até a água. Cada sabor se tornou serragem.

Você corre de bar em bar, restaurante em restaurante, comendo como um louco, sem fome, mas sem se saciar, e sentindo o terrível gosto da serragem em cada mordida de cada prato diferente.

Por dias a fio você vive nesse desespero, sem fome, com vontade de comer para sentir sabor e sem se saciar, com gosto de serragem em tudo. O sal não ajuda, nem molhos, eles também tem o terrível sabor. Absolutamente tudo.

Então você desiste, não vê saída para a atual situação.

Alguns se matam em dias, outros passam o resto da vida tentando voltar para o restaurante repetindo o processo do pão e da água e do isolamento mas tudo que conseguem é mais desespero. Não há volta.

Você provou a melhor refeição de sua vida, o quanto quis e o quanto pode. Foi avisado do preço e o pagou consciente e satisfeito.

Se lembrando ainda daquela noite você vasculha suas roupas que foram usadas para lavá-las e em um dos bolsos encontra aquele papel branco vazio que o recepcionista lhe entregara. Ao virá-lo uma simples mensagem em letras pretas e cordiais informam:

"Satisfação garantida, não realizamos devoluções."

Corpo seco

Á ultima casa da rua escondia um mistério, era muito estranha e depois que o pai e a mãe do homem que ainda vivia lá tinham morrido tudo tinha se transformado em um lugar sombrio, as plantas já não tinham vidas, pareciam secas, sem folhas, pássaros e outros animais não circulavam por perto dela.
As noites eram longas, os gritos de agonia deixavam todos na vizinhança acordados, ninguém se arriscava a ir lá saber o que estava acontecendo, sabiam que aquele homem era maldoso, era o responsável pela morte da mãe e do pai, tinha causado desgosto e os maltratou até a morte.
Em uma noite fria e chuvosa os gritos cessaram não se ouvia nada, foi à noite mais tranquila dos últimos anos. No dia seguinte os vizinhos desconfiaram, a movimentação na casa parou, mas ninguém tinha coragem de entrar e descobrir o que tinha acontecido.
O silêncio foi tomando conta, não se ouvia qualquer barulho que chamasse atenção, os vizinhos não tinham mais desculpa, tinham que saber o que aconteceu naquela velha casa sombria. José Alves e Luiz Gomez decidiram entrar para verificar e dar uma reposta aos vizinhos que já estavam aflitos com a situação.
Depois de vasculharem toda casa encontram o homem morto, pelo estado do corpo parecia que tinha sofrido muito, a posição do corpo era de quem tinha agoniada por muito tempo com dores ou um demônio se empoçando de sua alma.


Apesar de sua história de maldade os vizinhos em consideração aos seus pais foram enterrar o corpo, uma discussão foi feita e a população da pequena cidade não queria aquele defunto enterrado no cemitério aonde seus familiares já se encontravam, a única solução seria enterrá-lo debaixo da grande árvore próximo a sua casa, a qual já se encontrava totalmente seca, sua imagem era atemorizante, seus galhos secos em noites de lua cheia formavam figuras que assustava todo mundo que passava por perto por se tratar de um caminho que dava acesso à pequena rua da cidade.
Em um fim de tarde isso foi feito o enterro, poucas pessoas acompanharam, depois da ultima pá de terra jogada em sua cova embaixo da grande árvore seca um raio cortou o céu como se pronunciasse um temporal, mas as nuvens não estavam carregadas.
Na mesma noite alguns moradores ficaram obsevando se alguma coisa poderia acontecer, pois os raios ficaram frequentes e isso deixou muitos desconfiados, pois seria uma coincidência depois de um dia tranquilo o tempo mudar de uma hora para outra, mas nada aconteceu de anormal.
Depois de vinte e um dias um filete pequeno de névoa formava-se em um espectro enquanto saia da cova ganhando altura até os galhos secos da velha árvore, depois ganhou o céu e sumiu entre as nuvens escuras, o mesmo vento que a levou a trouxe de volta, o céu tinha rejeitado aquela pobre alma, sua maldade na terra tinha sido tão grande que foi recusado.
A terra em volta da grande árvore seca se estremeceu, o céu ganhou uma cor tenebrosa, uma leve chuva começou a cair seguida de raios e trovões assustadores.
O espectro agora viajava para as profundezas do inferno percorrendo um caminho longo, não demorou muito e novamente a terra se estremeceu em volta da velha árvore seca.
O inferno também rejeitou aquela alma, o diabo não queria concorrente em seu território sabendo das maldades do homem que tinha causado a morte do pai e da mãe.
A terra em volta da grande árvore seca novamente se estremeceu, agora com mais intensidade, numa reação estranha começou a se revirar, como se tentasse expulsar algo de sua profundidade. Não demorou muito um corpo começou a sair até ser expulso em sua totalidade.
Numa reação espontânea, todo tempo mudou, o céu escureceu e ficou carregado, os raios intermitentes ganharam o céu e riscavam a escuridão clareando alguns pontos. Em cada raio a grande árvore ganhava uma forma assustadora revelada pela luz, a terra em sua volta parecia viva.
O tempo de repente parou tudo em volta ficou em silêncio, as nuvens carregadas pararam no céu, a chuva cessou os raios também cessaram. Em meio à terra toda remexida um corpo começa a se erguer até ficar de pé e em um clamor penoso falou:
- Por que estou vivo, olha meu corpo todo em decomposição, todo seco. – Fui rejeitado no céu, o inferno também me rejeitou e até a terra não quis me decompor, por que isso estar acontecendo comigo. – Diz o Corpo Seco em um tom de voz penoso.
- Tua alma estar condenada, tua maldade foi muito grande, mataste teus pais, isso é uma coisa que nem o diabo fez como poderia receber uma alma tão má. – Diz uma voz que desce do céu.
- E agora como vai ser a terra também rejeitou meu corpo, minha carne não apodreceu, ficou seco, o que vou fazer. – Diz Corpo Seco tentando uma resposta.
- Você vagará pela terra e pagará pelos seus pecados, a partir desse momento você não pertencerá a nenhum de nós, os quatro elementos não serão responsáveis por sua decomposição e apenas outro ser que renasceu após a morte poderá te destruir. – Diz a voz vinda do céu explicando sua sina como zumbi seco vagante na terra.
Em uma reação de raiva e ódio Corpo Seco se ajoelha embaixo da grande árvore seca e emite um grito que ecoa por todos os cantos anunciando sua ira.
A cena é arrepiante, uma noite fria, o céu carregado, raios coindo do firmamento cortando a escuridão enquanto suas luzes formam figuras assombrosas em contraste com os galhos da velha árvore que parece ter vida.



Em um aspecto tenebroso Corpo Seco se aproxima da velha árvore e a circula marcando lugar o qual aguardará suas vítimas se aproximar ou passaram pelo caminho para sugar seu sangue e os transformarem em corpos secos com a sua semelhança e maldade.

Desconhecendo os perigos da noite três jovens com uma garrafa de bebida passando de um para o outro enquanto dar um golo e em suas mãos um cigarro de maconha que tragado ilumina a noite revelando sua localização se aproxima da grande árvore seca.
O mais drogado observa a grande árvore e fala:
- O que essa velha árvore estar fazendo aqui, não tem folha, não dar frutos, só tem esses galhos secos, não serve para nada, vamos tocar fogo em seu tronco para vê-la cair. – Diz sorrindo.
- É mesmo, vamos tocar fogo nela, não serve pra nada. – Diz o outro drogado sorrindo com euforia.
- Vamos juntar uns gravetos pra o fogo pegar melhor. – Diz o outro empolgado com a ideia.
Quando um dos drogados começa a pegar os gravetos sente um peso enorme em suas costas, como se começasse a carregar outro corpo. Nesse instante um fedor de carne podre começa a tomar conto do lugar, Corpo Seco sem piedade consome seu sangue deixando-o a sua semelhança.
Isso acontece um por um sem que tivessem qualquer reação, naquele momento uma legião começaria a ser formado por zumbis de corpos secos liderados pelo a pior alma conhecida até aquele momento, o assassino algoz de seus pais, agora denominado Corpo Seco.

Jogo do espelho

Eles estão sempre te observando, estudando cada um dos seus movimentos. Quem são eles, você pergunta? Os reflexos, ora. Eles gostam de jogar jogos. E que tipo de jogos eles gostam de jogar? Bem, isso depende de como você reage ao vê-los. Por exemplo, se você os encara feliz e entusiasmado ao encontrá-los, você vai acabar jogando um jogo alegre e agradável. Talvez pega-pega ou uma partida amigável de esconde-esconde. Jogos dos quais nós já estamos familiarizados. No entanto, se você se atrever a cumprimentá-los com medo ou com nojo, você vai ter que jogar um dos seus jogos. Com estes jogos você vai ficar menos entusiasmado em os jogar, para dizer o mínimo.

O jogo que eles mais frequentemente escolhem é uma espécie de jogo de memória. Ou melhor, é um jogo de memória. Eles sabem tudo sobre você. Seu nome, seu primeiro amor, até mesmo o que você comeu no café da manhã há três anos atrás. Eles nunca se esquecem. O jogo consiste em recordar certos acontecimentos da sua vida. Seu trabalho é recordar e citar, pelo menos, uma observação a partir do referido evento. Se você acertar, parabéns! Você ganhou! O jogo acaba e você está livre para ir. No entanto, se você não conseguir lembrar de uma observação a partir do referido evento, ou não conseguir se lembrar do evento em questão, você perde. E então, você vai trocar de lugar com eles.

Você vai se tornar o reflexo, e o reflexo se tornará você. Você vai viver a partir daquele momento apenas para estudá-los, observá-los e se lembrar de cada um de seus passos. E quando eles vierem te cumprimentar, eles não possuirão as memórias de quando eram o reflexo. Suas memórias antigas são agora são suas e vice-versa. E então? Você quer saber como encontrar um deles? É bem simples, na verdade. Os espelhos estão por toda parte. Eles são o seu reflexo, sua sombra, e se existir qualquer coisa que parece estar imitando você, são eles. Tudo o que você precisa fazer é cumprimentá-los.

Code of SASA

Era um lindo dia. Luiza era uma jovem de 15 anos, pele clara, olhos azuis, cabelo loiro. Era muito tímida, mas tinha um namorado que a amava muito. Na escola ela não era muito popular,era meio anti-social. Andava apenas com seu namorado Felipe em todos os cantos.

Em um certo dia, Luiza teve que ficar mais tarde no colégio para fazer um trabalho com Felipe,e seus amigos, Rodrigo e Sérgio. Depois do trabalho,eles ficaram entediados,então Rodrigo teve uma ideia.

-Eu ganhei um jogo, galera.Vocês querem jogar?

Todos estavam curiosos. E todos aceitaram jogar. O nome do jogo era S.A.S.A. O jogo estava fechado com um plástico bem antigo.E as regras estavam escritas na capa. As regras eram, cada pessoa teria que ficar o máximo de tempo com a folha, e se a folha sofresse algum dano, a pessoa perdia.

Estava escrito na capa que antes do jogo começar eles iriam ter que cantar uma canção. Luiza leu a letra da música e disse:

-Bem galera,essa música é muito estranha e eu não gosto muito dessas coisas...

Sérgio falou:

-Afe, deixa de ser medrosa e vamos cantar logo...

Depois de cantar a música, eles abriram a caixa. Dentro tinha 4 folha, duas com a letra S e duas com a letra A. E dentro estava escrito:

COMEÇOU.

Luiza disse:

-Tá, e agora?

Rodrigo respondeu:

-Sei la. Fica com a folha.

Depois de um tempo cada um foi para sua casa. Sérgio chegou cansado em casa, atirou a mochila no chão do quarto e foi dormir. Quando Sérgio acordou de manhã, ainda estava bem cansado, então foi arrumar sua mochila para a aula, quando se deparou com a folha A, estava toda amassada, ele nem ligou, fez uma bolinha de papel com a folha e atirou no lixo, depois foi para a escola de ônibus.

Luiza,Felipe e Rodrigo já estavam na escola,e Sérgio não tinha chegado. O tempo passou e depois Luiza recebeu a noticia de que o ônibus em que estava Sérgio tinha sofrido um acidente, os pneus estouraram misteriosamente e o ônibus capotou, Sérgio morreu esmagado. Luiza ficou muito abalada com a notícia,e logo foi contar para os outros.

Tristes com a morte de Sérgio eles foram em seu enterro no sábado. Todos choraram e rezaram por ele. Rodrigo pega o jogo e percebe que atrás do jogo também tem uma lista de regras.

1-Depois de cantar a música de invocação,não tem mais volta, suas almas já estão amaldiçoadas.

2-Se a folha for muito danificada,seu usuário ira morrer de alguma forma,dependendo do ambiente em que ele estiver.

3-O último sobrevivente terá sua alma anulada e estará fora da maldição, então SaSa não irá lhe fazer mal.

4-Todos os participantes terão sofrimento eterno com o Demônio SaSa (menos o ultimo sobrevivente)

5-Tem uma maneira de sair do jogo.Todos os participantes devem cantar a música ao contrário.

Rodrigo, ficou perplexo,não sabia o que fazer. Ele deveria matar seus amigos? Ele não tem coragem. Então ele foi e mostrou as regras para eles. Luiza e Felipe também se impressionaram com as regras. Sairão da escola e se encontraram em uma praça vazia.

Então todos se olharam,como se não pudessem mais confiar um no outro. Eles deixam as mochilas do lado de um banco,e então, Felipe pegou o canivete de seu bolso e tentou esfaquear Rodrigo sem pensar 2 vezes, porém ele segurou seu braço antes de ser atingido, então Rodrigo da uma banda em Felipe e os dois caem no chão.

Luiza rapidamente corre para perto das mochilas, abre a mochila de Rodrigo e procura a folha com um S. Ela procura,procura,mas não acha. Rodrigo se distancia de Felipe e fala:

-Hehe...Procurando por isso?-
Ele tira sua folha do bolso e a mostra. Felipe vai pra cima de Rodrigo de novo,mas dessa vez na tentativa de acertar a folha,Rodrigo tenta puxar a folha,mas Felipe foi mais rápido. Felipe corta a folha em dois pedaços. Rodrigo fica parado,apenas olhando a folha,ele arregala os olhos e fala:

-COMO OUSA DESGRAÇADO??!!!EU VOU MORRER,MAS VOU TE LEVAR JUNT...

Antes de terminar a frase,ele cai duro no chão,e morre de parada cardíaca. Felipe descansa um pouco,vai para perto de Luiza e fala:

-Bem... É isso... Fique bem, e não esqueça,eu te amo.

Felipe da um sorriso e rasga sua folha.Felipe anda até a rua,e é atropelado por um caminhão,o motorista estava bêbado. Luiza fica espantada e solta um grito.

Depois de 2 semanas, Luiza recebeu uma carta dizendo:

''SaSa : Sua Alma Sera Amaldiçoada. Ainda não terminou.

Luiza guardou aquela folha em um baú, trancou-o e nunca mais o abriu.

Depois de alguns anos Luiza estava em alta depressão, ainda pela morte de seus amigos, não aguentou mais e cometeu suicídio. Então em outro lugar, que ela não conseguia distinguir se era o Céu ou o Inferno ela conseguiu ficar com Felipe novamente.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Os padrinhos magicos - doce vingança

Ok, pra começar, sou um grande fã do desenho Padrinhos Mágicos, assisto sempre que posso. Ultimamente, tenho estado muito ocupado com a vida real, então acabei perdendo um monte de episódios novos da 5 ª temporada. Uma vez que o DVD com a temporada completa foi lançado, tentei comprá-lo, mas não tinha dinheiro suficiente. Um dos meus amigos também era um grande fã do desenho, e ele acabou me emprestando sua cópia do DVD para que eu pudesse ver os episódios que perdi. Quando peguei a cópia, vagamente percebi que o logotipo da Nickelodeon estava faltando na capa, porém, não parei para analisar isto quando peguei o DVD. Nas próximas semanas, assisti aos poucos todos os episódios sempre que podia. Quando eu estava prestes a terminar, no entanto, notei algo estranho. Havia um episódio #21. Todas as temporadas, inclusive esta, tinham somente 20 episódios. O episódio 21 se chamava "Doce Vingança". Pesquisei o episódio acima, mas sem sucesso. Então, como você pode adivinhar, escolhi o episódio e comecei a assisti-lo. A abertura começa com uma qualidade extremamente boa, quase melhor do que a dos outros episódios. Já o episódio em si começa como qualquer outro: Timmy acorda, seus padrinhos mágicos o cumprimentam, etc, etc. Cerca de 1 minuto depois ele sai de seu quarto, desce as escadas por cerca de 5 segundos, até que seu pai entra pela porta da frente segurando um enorme facão todo sujo de sangue em suas mãos. Timmy, tão apavorado quanto eu estava neste momento, grita meio choroso: "Papai, o que você fez?!" Seu pai resmunga alguma coisa, mas você mal consegue entender uma palavra sequer do que ele diz, exceto pela palavra "berg". Minha mente estava apavorada demais para processar alguma coisa. Então o Pai anda normalmente (mas com aquela sensação maldosa de quem sucedeu algo) da sala para a cozinha, onde ele limpa o facão com um pano e o guarda no armário como se nada tivesse acontecido. Minha mente queria parar, mas continuei assistindo. A cena seguinte mostrava Timmy brincando em seu quarto, com uma expressão de medo, como se tivesse acabado de ver um fantasma matar seu pai. A câmera muda para um ângulo diferente, onde você pode ver por fora da porta, e então, a forma do Pai anda vagamente pelo corredor com o facão na mão. Cosmo instantaneamente avisa Timmy o que estava acontecendo, e eles tentam desaparecer para longe, mas o pai do Timmy freneticamente entra no quarto e tenta pega-lo, e com isso, acaba jogando o facão em Timmy, terrivelmente errando e acertando bem no meio de um dos olhos do Cosmo. Cosmo solta um grito muito agudo a desesperado e começa a correr em círculos, enquanto muito sangue é derramado por todo o quarto. Wanda, pensando que Cosmo já teria desaparecido, também desaparece, não sabendo o que aconteceu ao seu marido. Timmy, sendo teletransportado a uma parte da cidade pouco movimentada, tenta achar um telefone e ligar pra polícia. Quando ele finalmente encontra um e pega o telefone público, ele instantaneamente ouve uma voz... Era seu pai, porém sua voz estava sendo abafada por uma voz um pouco mais demoníaca. Assustado, ele fecha os olhos com força e tenta acordar, como se estivesse dentro de um sonho. Porém, antes que perceba, ele não consegue mais abrir os olhos, e aparentemente eles estavam derretendo sem parar, como cera de vela, impossibilitando que Timmy abra-os novamente. Depois disso, ele acorda assustado em sua cama como se nada tivesse acontecido. Só que suas fadas não estavam lá para cumprimentá-lo, mas ele podia ouvir uns sons de choro vindo do outro lado do quarto. Quando Timmy, desta vez com uma expressão muito séria no rosto, olha para seu lado direito, ele vê que os sons de choro estavam vindo de Wanda; ela estava deitada no chão chorando sem parar, e 5 segundos depois, pude entender porque... A câmera se afasta para mostrar o cadáver de Cosmo, o facão ainda enfiado em seu crânio, com seus olhos arrancados e o sangue escorrendo em volta dele. Timmy olha para fora de sua janela, somente para ver alguns de seus vizinhos empalados pela cabeça em um espinho gigante no meio da rua. Então a câmera muda para mostrar o rosto de Timmy. Seus olhos se enchem de sangue, e vários flashes de uma espécie de código binário aparecem ao redor da tela, e então, os créditos finais aparecem. Rapidamente olhei para um dos códigos binários, e consegui traduzi-lo: "Ele foi o primeiro, você é o próximo. Quando ver a luz vermelha, sua vida irá acabar." Eu estava completamente pálido de tão apavorado, porém mais tarde naquele dia, fiquei sabendo que um lunático havia assassinado 3 pessoas, enfiando-as em uma estaca pela cabeça, perto dali. Eu estava tão assustado que meu coração quase parou por completo. No dia seguinte, meus pais LITERALMENTE tiveram que me obrigar a ir à escola. Quando cheguei lá, fechei meus olhos, quase em posição fetal, quando de repente vi um flash de uma luz muito brilhante e vermelha. Eu fiquei tão assustado que quase me caguei de medo. Quando abri meus olhos, eu vi o amigo que havia me emprestado o DVD, morrendo de rir.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A CRIATURA DA ESTRADA

Há algum tempo atrás, existia um pequeno vilarejo rural. Ele era tão pequeno que havia apenas uma única estrada levando para fora do lugar, permitindo visitantes irem e virem da vila. Entretanto, havia uma única regra que os moradores deveriam seguir à risca sobre aquela estrada: Nunca ir até ela sozinho.

Isso era constantemente relembrado pelos moradores, mas um garoto de lá decidira quebrar essa regra; um dia, quando não havia ninguém por perto, ele decidiu explorar a estrada sozinho.

Enquanto ele se aproximava da trilha pela primeira vez, o garoto percebeu que havia algo de muito estranho sobre aquele lugar. Mesmo que as pessoas sempre visitassem o vilarejo, parecia que a estrada não era muito usada.

Continue Lendo... Tem Coragem ?



Grama e ervas daninhas haviam crescido por todo o caminho, e estava tão mal cuidada que as plantas atingiam a altura do peito do menino, tornando difícil andar rapidamente. Entretanto, isso não impediu o garoto.

Determinado a fazer essa viagem valer a pena, ele caminhou através do mato, olhando para trás constantemente para ver se ninguém o observava. Ele andava o mais rápido que podia, esperando ficar longe da vista de visitantes.

Entretanto, o ritmo do garoto foi cortado rapidamente pelo som de alguma coisa se movendo na grama perto dele. Seu coração quase parou enquanto ele parava de andar, tentando encontrar a origem do barulho.

A grama alta estava tão densa que ele não podia ver nada, mas ele podia ouvir o som de alguma coisa se arrastando na grama perto de seu pé. Ele pode perceber que não era algo grande, mas era alguma coisa que lhe dava uma horrível sensação...Uma horrível sensação de estar sendo caçado.

O garoto foi tomado por uma onda de desespero quando ele percebeu que já havia percorrido uma grande distância na trilha, tornando difícil retornar antes que a criatura o alcançasse, e a grama só dificultava as coisas.

De repente, o garoto percebeu que ele estava sendo observado. A criatura o havia encontrado. Pelo canto de seu olho, ele pode perceber um par de olhos finos e selvagens o encarando, e algo que pareciam ser presas pontudas na boca do bicho. O coração do garoto batia rapidamente enquanto ele se virava para encarar a coisa.

De repente, uma mão segurou seu braço. O menino se assustou e se virou para ver quem estava ali com ele, encontrando um dos idosos do vilarejo. “Seu tolo! Não sabe que é perigoso vir aqui sozinho?” O homem segurou forte no braço do garoto e saiu correndo com ele de volta para a vila.

O garoto assustou-se ao perceber que a criatura o seguia, mas não os alcançou a tempo. Eles correram o máximo que podiam, até conseguirem chegar à cidade.

Depois de pararem para respirar, o senhor deu uma bronca no garoto por ignorar o aviso dos outros moradores. Quando terminou, ele olhou para cima e suspirou. “Acredito que você já tenha idade suficiente. Você precisa saber.”

O homem guiou o garoto até sua casa. Era uma grande casa e, quando entraram, o garoto pode ver enorme prateleiras cheias de livros sobre criaturas que ele só havia ouvido falar em mutis.

Homens misteriosos usando jalecos andavam pelo local, estudando os livros. O velho levou o garoto até uma sala nos fundos da casa. Ele olhou para um ponto qualquer na sala, dizendo “Vou lhe contar a verdade sobre o que você viu hoje...”

De repente, ele voltou a olhar para o garoto, encarando-o, seu olhar congelando o menino no lugar. “Mas primeiro, eu tenho que lhe perguntar uma única coisa...”


Imagem [ se você não a ver , não entenderá ]

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Five Nights at Freedy's

"Five nights at freddy's é um jogo que ficou muito famoso recentemente, todos estão jogando e fazendo gameplays, mas o que vocês não sabem é que o jogo foi baseado nessa história, de um restaurante real, com máquinas reais, e não a história baseada no jogo:
Você sabe os pais estão sempre encontrando novas maneiras de entreter e enriquecer a criatividade de seus filhos, de fato os primeiros anos são os mais importantes na vida de uma criança quando se trata de desenvolver sua mente jovem, comigo não foi diferente, minha mãe sempre me levava aos fliperamas se eu me comportasse em casa e na escola, eu adorava passar algumas horas me divertindo la, ela também me levava aos parques de playground, onde eu levava algumas broncas por sujar as minhas roupas, não havia muitas variedades de lugares onde eu brincava mas os que tinha, são desses que eu tenho as melhores lembranças, no meu aniversario de 7 anos, minha mãe me levou no "Freddy's Fazbear Pizza" era pra ser um lugar divertido, pelo que eu me lembro, um lugar magico para crianças e adultos, onde a fantasia e a diversão ganhavam vida ou algo parecido, parecia uma ideia divertida, eu estaria mentindo se dissesse que não estava animado para ir, a pizza de la era como todas... Mas ninguém ia la para comer, mas para ver o Freddy Fazbear e sua turma de animatronics. Bonnie o coelho e Chica a galinha.
Também tinha "Foxy The Pirate Fox" ele ficava separado dos outros em um cenário de pirata, agora devo confessar que eles eram avançados para aquela época, eles mexiam o corpo todo e ate Foxy fazia alguns movimentos em seu navio pirata.
Freddy e seus amigos desciam do palco e andavam pela pizzaria interagindo com as crianças e dizendo coisas como: "Como está a pizza ? Uma delícia eu aposto !"
Eu me lembro que Foxy sempre dizia:
"SOU EU
 EU VOU TE PEGAR !"
Para manter as crianças entretidas, algumas brincadeiras eram criadas como:
Siga o Freddy, que era uma espécie de siga o líder.
A caça ao tesouro de Foxy... Onde as crianças recebiam pistas de pequenos brinquedos escondidos enquanto Foxy corria atras de nós
Eu lembro que eu tinha terminado meu pedaço de pizza e pedi para ir brincar de caça ao tesouro de Foxy para a minha mãe.
Um funcionário me entregou um pequeno mapa do tesouro, eu estava realmente animado, Foxy era meu favorito, eu, e outras crianças recebemos nossos brinquedos, ate que Foxy saiu de seu barril e disse:
"SOU EU
 EU VOU TE PEGAR !"
Foi ai que tudo ficou embaralhado, eu olhei por cima do meu ombro, e vi Foxy perseguindo outras crianças, em um momento, ele quase me pegou, caramba, ele era muito rápido, eu não sei bem o porque, mas no meio da brincadeira, minha mãe me puxou bruscamente e disse: nunca devíamos ter vindo aqui, eu nunca tinha ouvido tanta urgência em sua voz antes, eu pensei que fosse pois algum garoto começou a chorar quando Foxy o pegou, ele estava gritando bem alto e começou a chorar, lembro-me que um grupo de pais correu, havia todos os tipos de barulhos e ruídos.
Depois descobri, que Foxy havia mordido a parte frontal do rosto de uma criança.


Você odeia seu emprego agora ?

                                                                                                                                        -Mike "

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A casa sem fim 2

Já se fazia três semanas que eu não ouvia noticias de David. Nos seis meses que namoramos, ficamos no máximo três dias sem nos falar. Não havia nada fora do comum na ultima vez que o vi, ele tinha mencionado que estava indo verificar uma coisa que um amigo lhe contou. Naquela noite eu ainda recebi um SMS um pouco estranho de David, mas não era de seu número. Era uma mensagem de apenas seis palavras.

“Casa sem fim, não venha! David.”

Tinha alguma coisa errada. Depois que li esse texto me senti enjoada, como se eu tivesse visto algo que não devia. Eu decidi logar na conta de Messenger dele para ler suas ultimas conversas. As mais recentes era com Peter, um dos seus melhores amigos, um viciado e burro, mas pelo menos ele podia ter algumas informações sobre onde David poderia estar. Assim que entrei, imediatamente recebi mensagens.

- David? Puta merda cara, você me deixou preocupado. Pensei que tivesse ido para aquela casa.

- O que você quer dizer?

- A casa sem fim, cara, eu podia jurar que você tinha ido para lá.

Casa sem fim, esse cara sabia o que estava acontecendo.

- Pois é... Eu não consegui encontra-la. Talvez eu tente ir lá amanhã. Me passa o endereço de novo?

- De jeito nenhum! Você já me preocupou demais, eu estive naquele lugar, acredite em mim, você não vai querer ir naquele lugar.

- Peter, aqui é a Maggie.

- Espere... O que? Onde está o David?

- Eu não sei, pensei que você poderia saber, mas aparentemente não.

- Puta merda! Merda, merda, merda!

- O que foi? Sério Peter, você precisa me dizer o que está acontecendo.

- Eu acho que ele entrou naquela casa. Não é longe, talvez quatro milhas abaixo, em Terrence. Seguindo a estrada marcada e virar a direita. Puta merda! Ele se foi!

- Não, eu não acho que ele se foi.

- O que você está pensando em fazer?

- Eu vou trazê-lo de volta.

Eu parti para a procura dele na mesma noite em torno das oito. Não havia um único carro em toda viagem, e quando virei para uma rua sem nome, vi uma placa com uma seta.

“Casa sem fim// Aberto 24 horas”


Minha respiração estava ofegante desde que saí de casa, e ver a tal casa sem fim não ajudou em nada. Não havia outros carros ao redor, o que me fez pensar que talvez não estivesse aberto. A luz da varanda da frente iluminou a área circundante, e pelas janelas se percebia que as luzes estavam acessas do lado de dentro. Eu estacionei meu carro e caminhei até a porta da frente.

O lobby era normal, e como eu previ, não havia ninguém lá. Todas as luzes estavam acesas, mas ninguém estava lá. Apenas um banner dizendo:

“Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!”

Isso por si só não deu medo, mas o que me causou um frio no estômago, foi um rabisco logo abaixo em vermelho escrito à mão:

“Você não vai conseguir salvá-lo”.


Devo ter ficado no lobby por uma hora. Eu estava congelada. Eu não sabia como continuar. Será que deveria ir até aquela porta? Será que eu deveria chamar a polícia? Depois de ler o aviso eu pensei um pouco mais, eu sou uma garota de estatura baixa e muito fraca, eu não seria a pessoa ideal para lutar contra um possível psicopata que estivesse mantendo o David como refém. Eu decidi que chamar a polícia era a melhor opção, então coloquei a mão no meu bolso e abri meu celular para ligar.

Sem sinal.

A casa devia estar bloqueando o sinal, ela fica basicamente no meio do nada.

Caminhei em direção à entrada, imaginando que eu teria sinal do lado de fora. Cheguei à maçaneta, virei e nada. Eu sacudi com mais força. Ela estava trancada pelo lado de fora. Bati minhas mãos contra a porta e gritei, mas ninguém podia me ouvir. Eu sabia que era inútil, não havia ninguém aqui exceto eu.

Então eu senti uma vibração no meu bolso. Abaixei-me e olhei para meu celular. Uma mensagem não lida. A princípio eu fiquei feliz por ter sinal, talvez fosse uma mensagem de David que ele estivesse bem. Era uma mensagem de um número desconhecido, eu pressionei para ler a mensagem e quase deixei o celular cair.

“Você não pode salvar nem mesmo a si mesma.”

Meu corpo inteiro estava tremendo. Eu queria sair dessa casa. Eu estava presa lá. Meu celular estava sem serviço em uma sala sem saída. Meus olhos percorreram a casa e pousou na porta do outro lado da sala com um número “1” na frente, parecia como uma porta de hotel.

Eu caminhei até ela.

Eu estava a poucos centímetros e coloquei meus ouvidos contra a madeira para tentar ouvir. Tudo que eu ouvia era uma música distante de Halloween. Apenas um instrumental assustador que você ouviria em qualquer casa mal assombrada falsa. De repente eu fiquei um pouco mais calma. David sempre foi conhecido por suas pegadinhas. Ele me contava como sempre ia fundo quando queria pregar alguma peça em alguém nos tempos da escola. De alguma forma, um sorriso se formou no meu rosto e eu abri a porta sem medo.

Entrando no primeiro quarto, meus medos aliviaram ainda mais. O quarto era uma tentativa completamente fracassada de uma casa mal assombrada. Em cada canto havia um espantalho, mas não chegavam nem perto de ser assustador. Era do tipo das festas de escola, com grandes rostos sorridentes. Fantasmas de papel pendurados no teto e um ventilador no canto. Ao lado de um dos espantalhos, novamente tinha a única porta na sala e estampado na parte da frente, semelhante à da primeira porta, era um grande número “2”. Eu ri e caminhei para ela.

Quando eu abri a porta do quarto “2”, eu não podia enxergar dois palmos à minha frente. Ele foi completamente preenchido com uma névoa cinzenta que cheirava a borracha. Imaginei que tinha alguma maquina de fumaça no quarto que devia estar ligada já há muito tempo e parecia não haver janelas para toda essa fumaça sair.

Caminhei lentamente para frente e soltei um gritinho. Eu tinha colidido em linha reta com um grande robô do Jason Vorhees. Seus olhos brilhavam na cor vermelha e segurava um facão de cima para baixo como se estivesse fazendo um movimento para atacar alguém. Meu coração estava disparado e se alguém estivesse comigo eu estaria completamente envergonhada. Eu cobri minha boca e fiz meu caminho passando pelo Robô do Jason, o nevoeiro parecia estar aumentando, então eu finalmente avistei na minha frente a porta para o quarto número “3”. Coloquei minha mão na maçaneta e rapidamente soltei, ela estava extremamente quente, eu coloquei minha mão na porta de madeira e ela também estava quente, aproximei meu ouvido para tentar ouvir do outro lado da porta um incêndio talvez, mas não ouvi nada.

Pensei que era apenas um aquecimento elétrico proposital. Envolvi a maçaneta com um canto do meu vestido e virei o mais rápido que pude e me atirei no quarto “3”. Não havia fogo. Apenas trevas e muito frio.

Esse terceiro quarto não era como os outros em nenhum aspecto.

Naquele momento, eu sabia que algo não estava certo. Eu tentei fazer alguma coisa, mas eu não conseguia nem ver minhas mãos segurando a maçaneta da porta que agora não estava lá. Eu estava presa. Como se eu tivesse dado meia volta na escuridão, mesmo que eu não tivesse movido um músculo desde que entrei. Naquele momento, uma luz no teto acendeu. Um único holofote apontando diretamente para baixo, iluminando uma pequena mesa, e sobre esta mesa havia uma lanterna.

Mesmo que eu não conseguisse enxergar nem mesmo o chão onde eu estava pisando, eu segui em direção à mesa iluminada. Quando peguei a lanterna notei uma pequena etiqueta fixada nela dizendo.

“Do gerente - Para Maggie”.

No momento em que eu terminei de ler, a luz acima de mim quebrou e outra vez, fiquei no escuro. Eu me atrapalhei com a lanterna por um segundo antes de conseguir liga-la.

Pelo que parecia vir de todas as direções, um zumbido me cercou. Meu coração estava acelerado e eu comecei a girar no lugar, lançando a luz da lanterna ao meu redor. Não havia nada no quarto, mas depois de um tempo notei algo aterrorizante. Poderia ter sido apenas minha imaginação, mas eu podia ver uma figura sempre fugindo seja lá pra onde eu apontava a luz. Comecei a entrar em pânico. Fui me afastando da mesa sem saber para qual direção eu estava indo.

O zumbido foi ficando mais alto e depois eu comecei a sentir a presença do que quer que fosse que estava desviando da luz. Minhas mãos tremiam descontroladamente enquanto eu freneticamente brilhava a lanterna para qualquer direção. Aquilo estava sempre lá, escapando de volta para a escuridão, mas cada vez mais perto. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu pensei que iria largar a lanterna por eu tremia muito, até que eu vi. A luz apontada diretamente para um número “4”. Ele foi escrito em um pedaço de papel e colado com fita adesiva na porta. Eu corri. Corri o mais rápido que pude com a lanterna apontada diretamente para minha frente. Eu podia senti-lo atrás de mim. O zumbido foi ficando mais alto e já podia sentir uma respiração no meu pescoço. Eu estava correndo e faltavam mais alguns metros para chegar. Em apenas um movimento eu peguei a maçaneta, virei e bati a porta atrás de mim.

Eu estava no quarto número “4”.

Eu estava lá fora. Eu não estava mais na casa. O que me esperava depois de abrir a porta da sala “4” parecia ser uma caverna. Olhei para o chão e notei algo estranho e perturbador. O chão não era feito de grama, ou pedra, ou sujeira, eram pisos de madeira. Era o mesmo piso dos quartos anteriores. Este era o quarto número “4”. De alguma forma eu ainda estava dentro da casa.

Havia tochas montadas nas paredes rochosas ao meu lado, e para além da caverna estava escuro como o breu. As tochas pareciam que podia ser retiradas da parede por baixo, então caminhei até a mais próxima e retirei para iluminar meu caminho. Meu corpo está suando, eu fiz meu caminho lentamente para dentro da caverna.

O zumbido se foi, espero que para sempre. Depois disso não ouvi barulho algum na caverna, apenas uma pequena brisa. A caverna parecia se estender eternamente, eu já estava andando nela há horas, até que vi uma luz azul fraca. Eu andei até ela, com cautela, mas um pouco acelerado. A luz era uma abertura a extremidade do túnel. Eu cheguei ao fim dessa caverna, mas não havia mais chão adiante, o fim era um penhasco e não havia outro caminho para seguir. Eu olhei de volta para trás para a caverna de onde eu vim, eu sabia que não havia volta. Eu fui até a borda do penhasco e olhei para queda abaixo. Eu senti um calafrio percorrer meu corpo inteiro. O que eu vi foi um oceano, água ao redor com mais nada a minha vista. Era uma queda de centenas de metros, com uma formação de rochas.

Meu corpo congelou quando percebi que as rochas lá embaixo formavam um “5”.

Assustada eu me afastei da borda. Eu odiava alturas. Eu me afastei até ser barrada por um muro que não estava lá até pouco tempo atrás; Eu me virei ainda mais assustada com uma visão aterradora. Não havia mais caverna, eu estava cara a cara com uma parede sólida. Eu me mantinha dizendo que ainda estava na Casa Sem Fim.

Eu tinha que estar!

É evidente que não havia montanhas na cidade! Mas parecia tão real.

Olhei novamente para o precipício. Não podia ser real. Essa casa estava mais confusa agora. Mas o que ela esperava que eu fizesse agora era demais. Eu sabia o que aquelas rochas lá em baixo significava. Essa era a entrada para o quarto número “5”, mas não havia escadas nem nenhum caminho para chegar até lá embaixo. A casa queria que eu saltasse.

Eu caí no chão me encolhendo. Eu não podia fazer isso, não conseguiria saltar de um penhasco de centenas de metros em uma formação rochosa irregular. Minha mente estava dividia em duas. Eu sabia que ainda estava dentro da casa, mas tudo que eu via ao meu redor me dizia o oposto. Eu fiquei lá no chão de madeira por um tempo, naquele momento eu já tinha perdido toda a noção do tempo.

Depois do que pareceram semanas, eu finalmente me levantei e fiz meu caminho até a borda do penhasco e olhei para baixo.

As rochas formando o “5” pareciam zombar de mim. A casa sabia que eu não conseguiria evitar provocações. Então aquele zumbido retornou, um zumbido baixo e distante, parecia vir de trás de mim, ressoando dentro da montanha. Eu não sei o que deu em mim, mas depois de ouvir esse som, algo dentro de mim se iluminou.

Eu fechei meus olhos e saltei.

O vento da queda contra meu rosto prendia meu fôlego e um medo profundo tomou conta de mim.

Eu ia morrer.

Eu ia colidir com as pedras e morrer.

Elas iam me partir em mil pedaços e eu ia morrer.

Eu não me atrevi a abrir meus olhos, apenas continuava caindo desesperada. O vento forte contra meu rosto continuava e o zumbido era agora ensurdecedor.

Então tudo acabou.

Eu não estava mais em queda, eu nunca atingi as pedras. Eu abri meus olhos e olhei em volta. Eu estava de pé sobre os pisos de madeira familiar da casa. O zumbido se foi e o silêncio tomou seu lugar. Eu consegui! Eu estava no quarto “5”. Eu não sei como isso aconteceu, mas eu estava lá. O sentimento de medo se foi, e eu estava incrivelmente feliz por estar viva. Depois de alguns momentos me recompondo e decidi olhar em volta para o resto da sala.

Minha felicidade durou pouco.

O quarto estava vazio, as paredes combinavam com o chão, e o teto combinava com as paredes, e nas paredes não havia portas ou janelas. Eu estava em uma caixa selada.

Eu não sabia como cheguei aqui, mas não havia forma de sair!

Naquele momento eu me perguntei se David tinha estado nesta sala, eu me perguntei se ele tinha saltado do penhasco e acabou nessa sala. E se ele fez, significa que ele conseguiu sair. Ele não estava aqui, eu estava sozinha. Ele conseguiu sair e eu faria o mesmo.

O pensamento de que David conseguiu escapar era minha única fonte de confiança que encontrei. Eu estava indo para encontrar um jeito de sair dessa sala, encontrar David e tira-lo para fora daqui. Eu andei por todo quarto, perímetro por perímetro passando minhas mãos pelas paredes para sentir qualquer coisa diferente que pudesse revelar a saída.

Nada.

As paredes eram impecáveis, apenas alguns arranhões, mas nada de uma passagem secreta. Comecei a bater em alguns lugares aleatórios nas paredes, Mas tudo era completamente sólido. A confiança começou a diminuir, eu estava começando a ficar sem ideias.

E foi ai que ela falou comigo.

- Maggie, você não deveria ter vindo aqui, Maggie.

Minha pele quase saltou de mim se fosse possível. Eu ainda estava de frente para a parede e a voz tinha vindo do meio da sala. Era uma voz de uma garotinha, pelo menos era o que parecia.

Eu me virei lentamente.

Eu estava certa, era uma menina loira, não mais que sete anos de idade, com os olhos azuis e um longo vestido branco. Ela sorriu para mim e falou novamente.

- Mas agora que você está aqui, vamos jogar um jogo.

Havia algo horrível sobre aquela menina. Ela não era assustadora como aquelas garotas de filmes de terror japoneses, ela parecia completamente normal. Se eu a visse na rua passaria despercebido. Mas olhando em seus olhos, senti um terror completo. Saltar do penhasco foi assustador, mas eu pularia de vinte vezes mais alto do que ficar sendo encarada por um minuto com aquele olhar em seus olhos sem alma. Depois de um momento de olhar, eu finalmente falei.

- Que jogo? Quem é você? – Eu murmurei.

- Se você perder, você morre.

- E se eu ganhar?

- Ele morre.

Meu coração se afundou, eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo, mas eu sabia que ela estava dizendo a verdade.

- O que vai ser? – Ela sorriu

- Nada – Eu não sei onde encontrei coragem para responder esta criança demônio, mas eu não vim de tão longe simplesmente para deixar David morrer, e se eu morresse tudo isso foi em vão.

Eu escolhi não jogar.

Mas então eu vi.
A razão pela qual a menina me aterrorizava. Ela era mais do que uma criança. Olhando para ela, eu também vi o que parecia ser um homem grande coberto de fumaça, com a cabeça de um carneiro. Era uma visão horrível. Eu não podia ver um sem deixar de ver o outro. A menina ficou a frente de mim, mas eu sabia qual era sua verdadeira forma.

Foi a pior visão que eu já tinha visto.

- Péssima escolha – E com isso ela se foi.

Eu estava sozinha novamente em uma sala vazia e silenciosa. Só que dessa vez algo foi adicionado. Uma pequena mesa apareceu do nada, como se estivesse lá o tempo todo. Havia algo sobre ela, mas eu não podia ver de onde eu estava. Fui até a mesa e olhei par ao pequeno objeto.

Era uma pequena navalha, como uma que você encontraria em um estilete. Estendi a mão e peguei então um grito saiu de minha boca.

Quando estiquei minha mão, vi algo que nunca existiu antes. Havia uma marca no meu pulso, parecia uma tatuagem verdadeira com um único número “6”. Eu olhei de volta para a navalha e notei uma etiqueta fixada nela dizendo:

Do Gerente - Para Maggie
*Pensei que precisaria disso*

Depois de ler a nota, eu comecei a chorar incontrolavelmente. Lágrimas pesadas corriam pelo meu rosto de uma forma que nunca aconteceu em toda minha vida.
Eu caí no chão, permaneci lá por horas chorando. Não sabia mais se se tratava sobre David ou sobre me manter viva, não havia mais portas nessa sala, eu ainda estava presa. Mas ainda não era por isso que eu estava triste. Eu estava em depressão mais profunda possível. Completa depressão sem emoção. Eu me sentia vazia, e arranhei meu caminho até a mesa. Meus olhos caíram sobre a navalha, eu a peguei.

Eu ia me matar! Eu não podia lidar mais com isso! David provavelmente já estava morto! Eu estava presa aqui! Este era o fim!

Eu pressionei a lâmina contra meu pulso, logo acima do “6” que tinha aparecido na minha pele. Meus soluços voltaram, e eu fiquei sobre aquela dor agoniante e chorando coma a navalha pressionando contra meu pulso. David estava morto, e eu estava prestes a morrer. Nada mais importava e com um corte profundo eu passei a lâmina no braço.

Imediatamente após o corte no meu pulso, eu já não estava no quarto “5” e eu não morri. A depressão foi embora, mas eu não estava feliz. Lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto. O quarto que eu estava era semelhante ao anterior e novamente não havia portas. Não havia qualquer lâmpada, mas de alguma forma que era capaz de ver tudo com clareza. O quarto estava completamente vazio, mas antes que eu tivesse tempo de pensar no que fazer em seguida, ele ficou escuro e o zumbido de antes voltou. Tapei meus ouvidos em protesto, era mais alto do que jamais foi, mas acabou em um momento e as luzes voltaram, só que desta vez algo foi adicionado ao quarto.

E então eu gritei.

Lá no meio da sala, amarrado por correntes, completamente nu estava David.
Parecia que ele foi torturado, cheio de marcas de facadas no peito e braços.

-DAVID! – Eu corri até ele o mais rápido que pude.

Ele estava consciente, eu vi seu peito se encher e esvaziar, ele estava respirando, mas não estava falando. E foi ai que eu vi o que estava gravado em seu peito.

Eu caí de joelhos quando vi.

Um “7” olhou para mim como se tivesse olhos.

Ouvi David tentar falar, e fui até mais perto do que conseguia.

- David! Davi, você pode me ouvir?!

- Maggie... O que você tá... O que você tá fazendo aqui? – Sua voz era suave, mas ele estava falando e eu era grata por isso.

- David! Estou tentando salvá-lo. Como posso te soltar? – Olhei ao redor da sala para tentar encontrar qualquer tipo de chave, mas tudo que encontrei foi uma faca pelos cantos. O metal era muito grosso, era uma faca mortal. Voltei para David, parecia que ele estava à beira da morte, então senti meu bolso vibrar. Eu me assustei e peguei o telefone no meu bolso. Como eu suspeitava uma mensagem não lida. Eu abri a mensagem que dizia:

“Este não sou eu.”.

Eu não sabia o que pensar. David estava bem ali na minha frente, mas essa mensagem veio do mesmo número que me contatou. É da primeira mensagem que recebi onde David mencionou sobre a Casa Sem Fim.

- Maggie... – Eu ouvi a voz dele claramente com meus ouvidos. Parecia que a voz vinha de todos os lados. – Maggie... Você tem que ir em frente.

- O que você está falando? Como? – Eu estava cara a cara com David, ou quem quer que fosse acorrentado ali.

- Essa faca... – Ele fez um leve movimento com a cabeça em direção ao canto. – Vá buscá-la. – Eu corri e imediatamente voltei com a faca apertada em minhas mãos. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, mas eu precisava salvá-lo e faria alguma coisa...

- Agora me esfaqueie no peito.

- O que? – Fiquei chocada. David pendurado ali, olhando diretamente nos meus olhos.

- Você tem que enfiar essa faca no meio desse “7” em meu peito. É a única maneira de nos salvar.

- Não... - Eu tropecei para trás – Não, o que você está dizendo não faz nenhum sentindo!

- Maggie! – Ele estava gritando agora, seus olhos parecia frenéticos, o lado de sua boca se curvou em um sorriso torcido. – Maggie, me apunhalar agora é o único caminho!

Olhei para a faca na minha mão, minha cabeça parecia como se tivesse sito atingida por um bastão. Eu estava perdida completamente. Eu apertei meus olhos fechados e senti a faca na minha mão.

- MAGGIE! – E com o grito e um impulso esfaqueei o peito de David.

Eu não sei o que deu em mim, eu só aceitei que era a única maneira.

Abri meus olhos e vi o rosto dele.

Ele estava apavorado.

Lágrimas deslizavam por suas bochechas e David me olhou nos olhos.

- Por que... Você... Fez isso...?

Ele não podia me enganar. Eu sei que não era David. Não podia ser!

Seus olhos rolaram para trás quando morreu, mas foi ai que ele mudou. O “7” em seu peito se foi, o sangue escorria no chão formando uma piscina abaixo de mim. O líquido vermelho se estendendo em todas as direções, o círculo quase encheu a sala, e eu comecei a afundar. Tentei me mover, mas não conseguia. Era como areia movediça. O sangue estava até meus joelhos agora, Quanto mais eu tentava lutar, mais eu afundava. Estava até meu peito agora. O corpo sem vida de David estava pendurado acima de mim, sorrindo. O sangue chegou ao meu pescoço, eu estava apavorada e em pouco tempo submersa eu caí na escuridão.

Quando acordei, eu estava fora da casa. Eu podia sentir a terra fria abaixo de mim.
Eu rolei para trás e olhei o céu noturno. A Casa Sem Fim erguia acima de mim, com meu carro estacionado no mesmo lugar que eu deixei. Eu não tinha certeza se deveria rir ou chorar. Eu estava fora. Levantei-me espanando minhas calças. Meu corpo ainda estava tremendo enquanto eu caminhava para meu carro, mas um sentimento de mal-estar tomou conta de mim.

Não havia maneira de eu ter escapado. A casa não iria me deixar ir. Algo não estava certo. Eu sabia. Eu sabia que não matei David no quarto “6”. Eu sabia que não fiz isso. Mas eu ainda não sabia onde encontrar ele. Abaixei-me para o meu bolso e peguei meu celular. Não havia mensagens não lidas. Mas tinha sinal. Eu abri e comecei a escrever uma mensagem para David.

“Onde você está?”, Dentro de um segundo após enviá-la eu recebi uma resposta. Eu pressionei para ler animadamente.

“Quarto ‘10’, você está no ‘7’” – Então o zumbido ensurdecedor retornou.

Eu saí correndo. Eu não sabia para onde estava indo, mas eu sabia que não estava lá fora. Eu ainda estava na casa. O zumbido sacudiu tudo ao meu redor. Ele balançou as arvores e o próprio ar. Eu precisava encontrar um “8”, eu precisava encontrar a próxima sala. Era minha única chance! Eu precisava encontrar o quarto número “8”. Os primeiros quartos eram óbvios, mas quanto mais eu progredia, menos claro eram onde ficava a porta para o próximo. Agora eu não fazia ideia do que eu estava procurando, eu só tinha meu celular. Eu precisava encontrar um “8”, precisava encontrar um “8”, precisava encontrar um...

*Uma mensagem não lida*

“Seu endereço”.

Que diabos ele quis dizer? O meu endereço? Enfiei meu telefone de volta no meu bolso, o zumbido foi crescendo cada vez mais alto. E foi ai que me toquei. O meu endereço, O meu endereço, O meu endereço...

Condomínio Florestal, 4896...

Não podia ser. Não podia Ser.

Oitavo andar.

Entrei no meu quarto e bati a porta. O zumbido sacudiu o metal do carro e parecia me seguir para dentro. Eu fiz o caminho para meu apartamento.

Nada disso fazia sentido. Como o quarto número “8” podia ser meu apartamento? Devo ainda confiar nessa mensagem? Ela foi enviada por David, eu sei que foi. Não havia razão para não confiar nele. Demorou pouco tempo para chegar. Eu me atrapalhei com as chaves e fiz meu caminho para as escadas já que o elevador estava em manutenção. Este condomínio era enorme, subi o mais rápido que pude, passei o quarto andar, o quinto, minha cabeça estava girando, essa noite foi pesada, passei o sexto, quanto mais eu me aproximava mais longe o zumbido parecia ficar, quando cheguei ao sétimo andar eu mal podia ouvi-lo mais. E quando parei em frente meu andar estava completamente silencioso. Eu estava de pé ao meu apartamento. O pequeno “8” estava ao nível dos meus olhos. Estendi a mão na maçaneta e lentamente deslizei minha chave, a porta se abriu e eu fui sugado como um vácuo, a porta bateu atrás de mim.

Quarto número “8”, me levantei do chão e olhei em volta. Ele era idêntico ao meu apartamento. Se eu não soubesse das armadilhas da Casa Sem Fim, eu teria jurado que estava em casa e que tudo foi um sonho ruim. Meus pensamentos eram sobre David, e me perguntei o que o quarto “8” foi para ele, o que a casa lhe mostrou?

Eu andava e estudava a área. Literalmente, tudo estava como eu deixei, até metade da comida chinesa ao lado da pia. Olhei para minha mesa de computador, O MSN ainda estava aberto. Fui até lá e me sentei em frente dele, percorrendo minha conversa com Peter. Olhei lá, palavra por palavra. A casa sabia de tudo isso. Para ser honesto, eu fiz o possível para não pensar sobre isso, a resposta, sem duvida era melhor eu não saber. Eu tentei clicar fora da janela do MSN, mas não deixava. O computador travou. Tentei minimizar, Nada. Tentei Ctrl+Alt+Del, Nada. Tirei o computador da tomada, Nada. Eu olhei para a lista de pessoas na conversa e havia dois nomes; Maggie e Gerente. O ícone de Web Cam estava verde, mas tudo que mostrava era uma parede cinza. Em seguida uma mensagem do gerente apareceu como notificação.

- Espero que tudo esteja como você deixou :)

- Quem é você? – Respondi.

- Aproveite o show :) – E com isso a câmera ligou. A câmera focou em um jovem amarrado a uma mesa de cirurgia. Ele estava completamente nu e chorando baixinho para si mesmo. A imagem não era clara, mas eu pensei reconhecer o homem deitado ali. Ele tinha cabelo curto, marrom, era alto e uma pele pálida.

- Isto é o que acontece quando as pessoas tentam me enganar :)

Foi quando eu me dei conta de quem era. Amarrado à mesa cirúrgica era Peter Terry. E ele não estava sozinho.

Eu não quero descrever o que vi naquele momento. Os gritos, os sons que Peter faziam eram diferentes que tudo que já ouvi de um ser humano. Eu não conseguia desviar o olhar. Eu queria, mas acho que era o poder daquele quarto, eu não conseguia desviar o olhar. Peter soltou um último grito de gelar a alma, mas eu não ouvi através das caixas de som do computador, o som vinha do meu quarto.

Meu coração afundou quando me virei em direção ao corredor. Eu me levantei da cadeira e ainda podia ouvir os gritos que emanavam enquanto caminhava em direção a sua fonte. Cheguei à porta do meu quarto e os gritos agora foram substituídos pelo zumbido. Abri a porta devagar, eu vi dentro do meu quarto um notebook, a mesa cirúrgica com o que restava de Peter Terry espalhado pelos cantos. Mas ninguém mais estava lá. Mas um arrepio me percorreu de volta. Uma porta que não havia antes aqui com uma placa escrito “Administração”. Andei mais perto da mesa, o cheiro era horrível e dei o melhor de mim para não vomitar. Eu sabia que estava chegando ao fim. Olhei ao redor da sala. Em algum lugar aqui era a entrada para o próximo quarto. Tinha que ser. E foi mais simples do que eu esperava. Na mesma porta com a placa de Administração, um “9” se formou com as entranhas do Peter Terry.

Eu me senti mal por Peter, mas eu tinha ido ao inferno naquela noite. Andei direto, passei pela mesa, peguei um bisturi longo e não dei nem uma segunda olhada para o corpo. A última porta estava lá e eu caminhei até ela. Esta noite estava prestes a terminar e eu sairia daqui junto com David. A porta se abriu com facilidade e eu atravessei.

Eu vi o que estava esperando por mim.

Era uma sala vazia, se assemelhava a uma sala de espera de um consultório médico. Havia algumas cadeiras que revestem os cantos das paredes e algumas revistas velhas no canto.

Do outro lado da sala, no lado oposto de onde entrei, havia uma única porta. Meu coração afundou quando li o rotulo impresso na madeira. Não era um número. Era uma única palavra.

“GERENTE”

Eu apertei o bisturi na mão.

- Tudo bem, eu estou me fudendo para que isso termine logo.

Eles estariam do outro lado da porta. Eu podia sentir isso. E David estaria lá!
O zumbido era mais alto do que nunca antes. Eu podia senti-lo dentro de mim e ficava ainda mais alto enquanto eu caminhava e quando coloquei a mão na maçaneta tudo se silenciou novamente. Virei a maçaneta e abri a porta. A sala de espera não era para nenhum consultório. Era o lobby. A entrada da casa, onde todo esse inferno começou. Só que desta vez, havia alguém atrás do balcão.

Meu coração pulou para fora do meu peito quando vi quem era.

Era Petter Terry.

- Olá Maggie.

- Peter? – Não, não era possível – Como? Por quê?

- O que você estava esperando? Um fantasma? Satanás? Alguma garotinha assustadora? – Ele estava sorrindo.

- Que merda está acontecendo aqui?

- Maggie. Vamos; Basta você pensar por dois segundos. Quem foi que disse para o David sobre este lugar?

- Você... Não...

- Quem lhe contou sobre o paradeiro de David aqui?

- Maldição Peter! Ele era seu amigo!

- Eu sinto muito Maggie, mas é assim que funcionam os negócios aqui.

-Onde ele está? Onde ele está?

- Ele está aqui com a gente na casa Maggie. E ele não vai a lugar nenhum. E nem você.

Eu não sei o que deu em mim, mas eu perdi o controle, eu pulei no balcão e empurrei Peter no chão. Peguei a cabeça dele e bati com força no chão de depois atravessei seu pescoço com o bisturi. Eu queria mata-lo. Eu tinha que mata-lo. Ele matou David. Eu não deixaria ele me matar.

- Maggie, você não pode. Sempre haverá alguém para administrar a Casa.

- Não! – Enfiei a faca na garganta e bati novamente a cabeça dele no chão. – Não haverá mais!

Ele morreu então a sala ficou escura, mas eu ainda podia sentir o bisturi me minhas mãos e a cabeça dele no chão. Não sei quanto tempo eu e o corpo dele ficamos na escuridão, mas pareceu muito tempo.

Me levantei, segurando na mesa para me equilibrar. Em seguida as luzes se acenderam. Eu podia ver as janelas em todas as salas, ainda era noite.

Olhei por uma janela e vi David, ele estava andando do lado de fora, aparentemente ileso.

Corri para a porta e tentei abri-la, eu estava tão feliz.

Mas a porta não abria. Eu dei o meu melhor, mas a porta não me deixava sair. Olhei por uma janela e vi David quando ele começou a caminhar pela estrada de terra. Eu descansei minha cabeça pela porta e vi.

Meu estômago embrulhou.

Meu coração gelou.

Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

Lá, preso ao peito dele estava um crachá de identificação, com uma única palavra.

GERENTE.